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Foto colegioecologia.com.br |
Hoje se comemora o Dia
Internacional da Mulher. Dia de dar flores e chocolates para as integrantes do
sexo feminino, certo? Errado. Na verdade, o Dia Internacional da Mulher é
marcado por um fato histórico que muitos desconhecem. Tudo começou no dia 8 de
março de 1857, quando operárias de uma fábrica de tecidos, ao fazerem greve por
condições melhores de trabalho, foram reprimidas violentamente. Por volta de
130 tecelãs morreram trancadas dentro da fábrica, que foi incediada. 53 anos
depois, em uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que em homenagem a
essas mulheres o 8 de março seria o Dia Internacional da Mulher, data
oficializada pela ONU em 1975.
De lá para cá, porém, o
sentido do 8 de março parece ter sido distorcido. A intenção não era comemorar,
como se faz por muitos hoje em dia, mas discutir o papel da mulher na sociedade
e lutar pela igualdade de gênero. Felizmente, existem organizações que não
esqueceram e nem esquecem o significado.
Em nível internacional,
temos o exemplo da organização Girl Up, com sede em Washington (EUA). É uma
campanha inovadora dentro da Fundação das Nações Unidas. Seu propósito é dar às
garotas norte-americanas a oportunidade de se tornarem líderes globais e
canalizar sua energia e compaixão para desenvolver consciência e fundos para os
programas da ONU que ajudam algumas das adolescentes mais difíceis de alcançar
no mundo, principalmente aquelas em países extremamente machistas, como alguns
da Ásia, da África e da América Latina.
Esse é um programa que
faz parte do ONU Mulheres, a facção das Nações Unidas criada antes tarde do que
nunca (inaugurada em 2010) que trabalha em prol da igualdade de gênero e do
empoderamento das mulheres.
O foco do Dia
Internacional da Mulher neste ano, para a ONU, é a eliminação da violência
contra mulheres. Por isso, o Secretário-Geral Ban Ki-moon deixou o seguinte
recado, em sua mensagem de hoje: “Olhe para as mulheres que o cercam. Pense
naquelas queridas por sua família e sua comunidade. E entenda que há uma
probabilidade estatística de que muitas delas tenham sofrido violência durante
sua vida”.
É com essa linha de
pensamento, que aqui mesmo, em Belém do Pará, criou-se, o GEPEM - Grupo de
Estudos e Pesquisas Eneida de Moraes, em homenagem à escritora paraense. O
projeto faz parte da Universidade Federal do Pará e foi fundado em 1994, pelas
mesmas professoras que hoje são as coordenadoras: professoras doutoras Maria
Luzia Miranda Álvares (FACS/IFCH/UFPA) e Eunice Ferreira dos Santos
(ICED/UFPA). O grupo tem o propósito de ser integrante no processo de reflexão
crítica para a formação acadêmica, educacional e social. Um dos pontos
interessantes é que o GEPEM é transdisciplinar, ou seja, engloba todas as áreas
de conhecimento e reúne pesquisadoras(os) e docentes de todos os cursos e de
várias proveniências, não apenas da UFPA.
O GEPEM tem 5 linhas de
pesquisa: Mulher e Participação Política; Mulher, Relações de Trabalho, Meio
Ambiente e Desenvolvimento; Gênero, Identidade e Cultura; Gênero,
Arte/Comunicação, Literatura e Educação; Gênero, Saúde e Violência.
Um projeto cultural que
se destaca do GEPEM é a Casa da Escritora Paraense (CASAEPA),
uma instituição sem fins lucrativos destinada a ser um centro de memória com a
finalidade de guardar, preservar e divulgar a obra intelectual e literária
(édita e/ou inédita) das/sobre escritoras paraenses. Assim também peças
documentais de natureza diversa que pertenceram ou que sejam relacionadas a
essas literatas. Esse material é obtido na linha de pesquisa Gênero,
Arte/Comunicação, Literatura e Educação.
Dessa forma, trabalhos como o do GEPEM
contribuem para a compreensão do universo do sexo feminino e para a criação de
medidas que possam ser postas em prática por organizações como a ONU Mulheres,
quem sabe. E aí, talvez, um dia realmente haja igualdade de gênero e todos
percebamos que o 8 de março vai muito além das rosas.
Visite os sites dos grupos falados
neste texto:
·
Girl Up: www.girlup.org
Texto:
Alice Martins Morais
Revisão:
Erica Marques
Edição:
Juliana Theodoro