sábado, 26 de julho de 2014

Ver-o-Peso, mercado de história e cultura

Desenho de Luiz Porto
Em Belém, é comum passarmos em frente ao Mercado do Ver-o-Peso e percebermos a grande movimentação em seu entorno. Qual foi a última vez que você entrou no mercado para se deliciar com os mais variados pratos típicos vendidos lá? Ou melhor, alguma vez você realmente parou e observou de verdade este, que é um dos nossos mais conhecidos patrimônios?

Pois se você ainda não o fez e está aí, passando as férias na capital, confira a mais uma dica de Os Apocalípticos para curtir o que Belém tem de melhor.

Conhecido como o principal ponto turístico da cidade, o Mercado do Ver-o-Peso abriga uma diversidade de relações cotidianas, sociais e econômicas. O complexo se encontra no coração da cidade e recebe milhares de pessoas diariamente, é um ótimo lugar para encontrar ervas, cerâmica marajoara, frutas, entre outras coisas típicas do Pará. Sua localização fica às margens da Baía, e por ali passam várias das linhas de ônibus da grande Belém.

Responsável pelo abastecimento de domicílios, restaurantes, lojas e supermercados, o Ver-o-Peso é também o ponto central de uma rede extensa de mercados e feiras da cidade, de municípios e localidades vizinhas. A mercadoria do Ver-o-Peso chega pelo rio, oriunda das ilhas ou de outros municípios, ou por meio dos caminhões que redistribuem a produção vinda das Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa), como frutas e legumes.

Sob a perspectiva histórica, o Mercado do Ver-o-Peso está, diretamente, inserido nas origens e consolidação da cidade de Belém do Grão-Pará, povoação fundada em 1616, às margens do igarapé chamado Piri, que desaguava na Baía do Guajará, e era o ponto de chegada e saída dos barcos e navios que adentravam o majestoso rio Amazonas ou levavam as “drogas do sertão” para além-mar.

O Ver-o-Peso foi criado em 1625 como posto fiscal, por solicitação da Câmara de Belém, passando a chamar-se Lugar de Ver-o-Peso. Dada sua localização, na confluência dos rios Amazonas e Guamá e o Oceano Atlântico, transformou-se em um espaço significativo para a identidade cultural e economia da cidade de Belém, sendo o mais antigo e o mais importante mercado da região.

Seguindo o padrão arquitetônico europeu, com ênfase nos mercados metálicos, ganhou as instalações dos mercados de Peixe e de Carne, ambos construídos em ferro, que marcaram a modernidade de Belém e ainda hoje atestam o passado glorioso do lugar.

Todo o conjunto arquitetônico e paisagístico do Ver-o-Peso e áreas adjacentes, constantemente, é palco das manifestações artísticas e culturais da cidade. Além disso, seus visitantes encontram frutas e verduras; camarões secos e farinhas. Nas barracas de comida são vendidas refeições com pratos típicos da culinária local como vatapá, maniçoba, peixe frito e açaí. Com certeza este é um lugar para se visitar.

Grande parte das mercadorias comercializadas no Ver-o-Peso provêm diretamente da natureza, sejam as frutas, pescado ou produtos agrícolas. Os percursos por meio dos quais esses produtos chegam ao mercado, são elementos importantes para compreendermos as relações da cidade com seu entorno, e como o Ver-o-Peso se torna referência de geração de emprego e renda nas comunidades produtoras das mercadorias que se destinam ao famoso mercado.

Sua belíssima paisagem não é apenas apreciável, ela também comporta e traz até o mercado um mundo de práticas tradicionais. Mais que um mercado, o Ver-o-Peso ultrapassa o papel de centro de abastecimento, sendo considerado um importante ponto turístico e muito mais que isso, patrimônio da própria identidade paraense e da história da Amazônia.

Por isso, há muito tempo o Ver-o-Peso já não é visto como um ponto de troca e venda de produtos. Sua riqueza está na história e no cotidiano da cidade, presentes na memória do povo que aqui vive. É um lugar onde se perpetuam as práticas culturais, a culinária e o imaginário amazônico por meio das mais diversas atividades.

Texto de Beatriz Pastana
Revisão de Sérgio Ferreira
Edição de Juliana Theodoro

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