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sábado, 22 de outubro de 2016

Reutilização de água desponta como inovação na indústria paraense

A água potável é vital para todo ser vivo e está presente na manutenção dos ecossistemas, no cotidiano familiar e nos setores econômicos. Apesar de ser um bem fundamental para a manutenção da existência humana na terra, o mundo vive uma crise hídrica e, desde a década de 70, a Organização das Nações Unidas (ONU) se reúne para discutir a preservação desse recurso primordial.

Em 1977, ocorreu a Conferência da ONU para a Água e, em 8 de janeiro do mesmo ano, foi criada a Lei número 9.433, mais conhecida como “Lei das Águas”, que instituiu a política brasileira de recursos hídricos. Esta lei implica diretamente nos setores que mais consomem água no país.

A indústria, que é segunda no ranking dos setores que mais utilizam água, consome 22% do líquido precioso em sua produção (só perde para a agricultura), vem tentando mudar esse cenário por meio do investimento em mecanismos de reutilização de água. Com isso, o setor contribui para a manutenção desse recurso na terra e ainda otimiza os gastos de produção, que, por consequência, chega mais barato ao consumidor.

No Pará, algumas empresas despontam como exemplo positivo de reutilização de água em suas produções. Uma delas é a Imerys, que beneficia o caulim em Barcarena, nordeste do estado. Desde 2014, a mineradora faz o reuso direto da água da chuva. O reaproveitamento começou com a coleta nas bacias de contenção de rejeitos desativadas, que têm um limite para receber conteúdo. Acima disso, há um metro de borda livre que acumulava água, excedendo seu limite e gerando a necessidade de repassar para outras bacias.

Paulo Wanderley, gerente de Mineroduto da Imerys
Com a necessidade de baixar o nível da bacia, devido ao acúmulo de água do inverno amazônico, os funcionários colocaram uma manta (geotérmica) nesta borda livre, captando a água e bombeando para a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Imerys. “Quando você deixa de captar água do subsolo, você economiza energia, pois desliga uma máquina com potência elétrica alta, deixa de pagar a taxa de recursos hídricos, diminui o uso dos insumos químicos na água de poços profundos, que antes captavam 120m3 por hora. Assim, você ajuda o meio ambiente, economizando 10% a 15% de água”, disse Paulo Wanderley, gerente de Mineroduto e Sistema de Rejeitos da Imerys.

Além da coleta nas bacias, os funcionários ainda instalaram um sistema de coleta de água da chuva nas calhas dos galpões da empresa. Esse sistema também é interligado por tubos e injetam a água captada na Estação de Tratamento de Água. Toda água coletada passa pelo tratamento da ETA e é redistribuída no processo industrial, sendo utilizada na lavagem de peneiras, pisos e do próprio caulim.

Jorge Almeida, funcionário responsável pela instalação do projeto de reutilização de água na Ymerys
O projeto de reutilização de água foi bem aceito pelos colaboradores. A ideia agora é expandi-lo para outras bacias. “Os colaboradores que participam diretamente desse processo de reutilização são bem conscientes e sabem dos benefícios da captação de água. Ficam mais motivados no trabalho, porque sabem que é uma atividade de fundamental importância para a empresa e para o meio ambiente”, afirma Jorge Almeida, funcionário responsável por instalar o projeto.

De acordo com a engenheira florestal Kênia Santos, o reaproveitamento de água apresenta resultados muito positivos. “As empresas que desenvolvem tecnologia para reaproveitamento de qualquer tipo de resíduo de produção ajudam na sustentabilidade do planeta. As que reaproveitam água, além de obterem vantagens econômicas (diminuição com custos de compra de água), deixam de poluir o solo e cursos d'agua e, por consequência, ajudam na manutenção da fauna e flora de regiões próximas a elas”, afirmou.

Sesi - Outra iniciativa de reutilização de água no setor industrial é promovida pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), ligado à Federação das Indústrias do Pará (Fiepa). A primeira unidade que instalou o sistema de reaproveitamento de água foi o Sesi Indústria Saudável, em maio 2013.

Nesse sistema, toda água captada da chuva é armazenada em cisterna e depois bombeada para o reservatório suspenso (caixa d`água), de onde é distribuída por canalização para o uso em limpeza e caixas de descargas. “Acreditamos que o mais importante é a responsabilidade ambiental do uso racional dos recursos naturais”, comentou Hildo Picanço, Gerente Executivo de Engenharia do Sesi no Pará.

Na escola Sesi Ananindeua e no Teatro do Sesi, a equipe de engenharia da entidade aprimorou ainda mais o projeto, captando, além da água da chuva, os drenos das maquinas de ar condicionado, por meio da instalação de filtros no início do sistema. Desta forma, nem a água despejada por esses aparelhos é desperdiçada. O interesse do Sesi é de, na medida em que forem reformando ou construindo novas unidades, dar continuidade aos projetos de sustentabilidade ambiental e boa prática no uso dos recursos naturais, sobretudo da água.

“O Pará está localizado em uma região em que os índices de precipitação anuais são elevados. A capacidade de reaproveitamento de água de chuva, por exemplo, possibilita a diminuição de escalas significativas no consumo de água para finalidades simplórias, como descarga, lavar calçadas, regar plantas. Por conta disso, os sistemas de reaproveitamento de água devem ser adotados de maneira mais ampla, até mesmo dentro das residências”, afirmou Kênia Santos.

A engenheira também aponta outra alternativa para as empresas interessadas na preservação da água no planeta. “Promover o tratamento químico ou biológico dos resíduos líquidos dos processos produtivos seria outra boa alternativa para a redução do consumo de água potável, mas é um processo caro demais. Nesse cenário, a reutilização de água da chuva já desponta como uma ação de fundamental importância e que precisa ser melhor desenvolvida”, finaliza. 

Produção e reportagem: Emanuele Corrêa

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Em cenário de crise, paleterias brilham e fidelizam consumidores em Belém

Por George Miranda

Foto: George Miranda / Os Apocalípticos
Finalmente chega o momento da saída em uma escola privada na Avenida Brás de Aguiar, centro de Belém. É hora do almoço e o sol de outubro não dá trégua um só instante. Em poucos minutos, estudantes com idade entre 15 e 18 anos descem em direção aos novos pontos de encontro do quarteirão: as paleterias mexicanas.

Os jovens conversam, se refrescam, experimentam um ou mais sabores a cada visita e prometem voltar no dia seguinte. “É impossível não ficar viciado nessas paletas. Além de deliciosas, o clima de Belém favorece que a gente necessite delas todos os dias”, afirma o estudante Lucas Costa, de 17 anos.

As paleterias vieram mesmo com força e estão aquecendo a produção de gelados no Estado. Em uma simples caminhada pelas ruas mais movimentadas da capital paraense, é possível constatar que a abertura de novos negócios no ramo de paleterias está crescendo rapidamente em vários pontos de grande movimentação da cidade, como shoppings, supermercados, terminal rodoviário, hidroviário e aeroporto. 

Apesar de o atual cenário ser comemorativo, o setor ainda está em processo de organização e, por enquanto, não possui um sindicato que reúna os empresários do ramo, mas os números individuais são impressionantes e contrariam o cenário de demissões em massa e fechamento de empresas e postos de trabalho que o Brasil tem vivido do início do ano pra cá.

Na crise, um exemplo
De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Pará foi o segundo Estado da Região Norte do Brasil que mais fechou postos de emprego formal de janeiro a agosto deste ano, perdendo apenas para o Amazonas. “Foram feitas 238.777 admissões e 246.946 desligamentos. Ou seja, o Pará teve um saldo negativo de 8.169 postos de trabalhos”, afirma Roberto Sena, coordenador técnico do Dieese/PA. 

Embora o Brasil esteja vivendo um momento de instabilidade econômica, alguns empreendimentos resolveram arriscar e inovar durante a tão falada crise e estão alcançando resultados consideráveis.


Esta paleteria, inaugurada em março deste ano na Travessa Quintino Bocaiúva, em Belém, é um exemplo do destaque da produção de gelados no Estado. Com pouco mais de seis meses de atividades, o negócio possui números animadores. São sete franquiados, uma loja, 40 mil paletas vendidas mensalmente, 14 funcionários diretos e mais de 20 indiretos.

“Em um momento em que a economia brasileira despenca, ter um negócio crescendo é muito satisfatório. Quando comecei, há seis meses e alguns dias, vendia três mil unidades. Hoje são mais de 40 mil por mês”, comemora Diana Benoliel, empresária e fundadora da paleteria.

A ideia de trazer a novidade para Belém surgiu em outubro de 2014, quando Diana viajou para São Paulo e constatou o enorme sucesso que as paleterias estavam fazendo na região sudeste do Brasil. Ela tentou parceria com uma marca bastante conhecida, mas o valor para adquirir a franquia custava cem mil reais, fora os impostos e a própria logística de transporte da mercadoria, que encarecia ainda mais o produto a ser vendido aos clientes paraenses.

Diante desse contexto, a alternativa encontrada pela empresária foi criar a própria marca de paleteria, com fábrica e sabores próprios. Cada paleta custa entre 7 e 10 reais e Diana explica o motivo desse valor: “As paletas são feitas com ingredientes selecionados, naturais, diferente do picolé, que é feito com aromatizante artificial e conservantes que fazem mal à saúde”. Apesar do preço, “as pessoas experimentam e se tornam clientes fiéis”, comemora.   


Paleta?! É de comer?
Muito tradicionais no México, as paletas chegaram ao Brasil em 2011 e se popularizam no Pará no início deste ano. “Os mexicanos não têm o costume de tomar sorvete. Eles tomam picolé, mas o deles têm o dobro do tamanho do nosso e é mais quadradão. Aqui, com o espírito inovador do brasileiro, as paletas foram adaptadas e ganharam recheio e até mais de um sabor”, explica o historiador Caio Carneiro.

Em julho, no auge do verão amazônico, elas viraram o mais badalado dos refrescantes. Mas será que as pessoas sabem o que é uma paleta? “É um picolé mais gostoso e mais caro”, aposta cheia de convicção a autônoma Edna Monteiro, de 37 anos, que responde se deliciando com uma paleta de bacuri com brigadeiro. E ela não deixa de estar certa, mas as diferenças não param por aí, não. A paleta tem cerca de 120 gramas, quase o dobro do tamanho de um picolé tradicional, além de possuir vários tipos de recheios que ressaltam ainda mais o sabor escolhido.

No Pará, a iguaria ganhou os sabores da terra, como o açaí, o cupuaçu e o bacuri, que são as que fazem mais sucesso. Mas também há sabores diferentes, exóticos. A paleta de churros, feita de leite condensado e canela, é um deles. Outro sabor alternativo é a paleta detox, feita de abacaxi, couve e limão e que é destinada aos consumidores que querem se refrescar, mas não abrem mão de manter a dieta e o corpo em forma. Também há paletas nas versões light e diet. Ou seja, tem paletas para todos os gostos.

Já deu pra perceber que as paleterias estão aproveitando o cenário de crise econômica para brilhar e fidelizar público consumidor em Belém, não é? Quando será sua vez de se deliciar com esse espetáculo? A economia e as indústrias paraenses agradecem. Seu paladar também!


Foto: George Miranda / Os Apocalípticos

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Blog Action Day – A desigualdade para quem não quer ver

Ninguém pode negar que a desigualdade social existe. Muito tem sido feito no combate a esse problema mundialmente, mas um documento publicado no início deste ano da Organização das Nações Unidas (ONU) – o “ICPD Beyond 2014 Global Report” – relatou que as desigualdades sociais estão aumentando e, com isso, vão prejudicar fortemente os avanços que a humanidade obteve nas áreas da saúde e da longevidade e, se isso não for resolvido, tornará o mundo insustentável.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Eleições 2014: Entrevista com Alan Mansur Silva

O Procurador Regional Eleitoral do Pará, Alan Mansur Silva, concedeu entrevista para Os Apocalípticos na sede do Ministério Público Federal, em Belém. Na conversa, o procurador falou sobre as principais irregularidades na reta final do primeiro turno das Eleições 2014, a aplicabilidade da Lei Ficha Limpa e as ferramentas que a sociedade possui para fazer denúncias ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e ao Ministério Público Eleitoral, como o Disque-Denúncia e o WhatsApp Eleitoral.


segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Os Apocalípticos - Programa Circuito: A imponente Igreja da Sé

Igrejas é o tema da última reportagem do Circuito. Nela, a estudante de Comunicação Social da UFPA, Michelle Fernandes, conversou com representantes da Catedral Metropolitana de Belém e com antigos moradores do entorno, que têm uma relação especial com a história da Sé.