terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Belém e suas nuances


Reprodução Google
       Belém completou 397 anos no último 12 de janeiro, e certamente reafirmou seus títulos de Cidade das Mangueiras, terra do açaí, das praças e dos palacetes. Mas a cada novo ano que completa, a capital paraense sofre mudanças significativas. Orgulho de alguns e desapontamento de outros. 

Os diversos títulos que a cidade recebe são consequências de um patrimônio histórico herdado dos séculos em que foi construída.  Os grandes palácios e casas antigas remetem a um período de extrema importância para a história de Belém, bem como as praças, ruas e pontos turísticos dignos de cartões postais.

A Belle Époque nunca seria a mesma se os mínimos detalhes de cada construção não tivessem sido minuciosamente pensados. Desde a estrutura arquitetônica às cores e luzes. Tudo fazia parte de uma áurea que transparecesse o tão sonhado progresso europeu. Alguns séculos se passaram e essa mesma imagem parecia intacta. No entanto, o século XXI entrou em cena com o progresso tecnológico e capitalista. Não que o capitalismo já não existisse antes, hoje apenas criou-se um codinome: conveniência.

É, talvez seja isso. Talvez o tão conhecido Ver-o-Peso, que já foi cenário de filmes, novelas e documentários, que já foi registrado de maneira singular e latente na memória da população brasileira, hoje precise ser pintado de vermelho. Quem sabe também seja essa a explicação para o fato de as pessoas passarem por ali e não perceberem que isso esta acontecendo aos poucos - ou percebem, mas nada fazem - nem ao menos se incomodam com tamanha descaracterização. 

Não muito distante dali, milhares de pessoas passam diariamente no Bairro do Comércio, lugar onde se concentram várias construções das primeiras décadas de Belém. Muitos casarões que compõe as ruas mais famosas do comércio perderam sua característica.  Detalhes artísticos e de composições bucólicas hoje dão lugar a cores fortes e letreiros extensos. Capitalismo, conveniência... Tudo é valido para chamar a atenção do consumidor.

Será que Belém chegará aos seus 400 anos ainda com os seus famosos epítetos? Terra do açaí? Então por que esta se tornando cada vez mais difícil de comprar? Por que está tão caro se é um dos principais itens na mesa do paraense? Se somos a Terra do Açaí, no mínimo deveríamos ter condições de comprá-lo. 

Cidade das Mangueiras? Quase não temos árvores! E as poucas mangueiras ameaçam cair de tão antigas que são. E as nossas praças? As que são de interesse de alguns, vez ou outra recebem manutenção.

A mudança, sendo boa ou ruim, vende a ideia de progresso. É a velha historia do contentar-se com o que tem. Mas será isso a prova de que precisamos de um progresso de Estado ou o que precisamos mesmo é de um progresso social?

Texto de Beatriz dos Santos Pastana

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