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Belém completou 397
anos no último 12 de janeiro, e certamente
reafirmou seus títulos de Cidade das Mangueiras, terra do açaí, das praças e
dos palacetes. Mas a cada novo ano que completa, a capital paraense sofre
mudanças significativas. Orgulho de alguns e desapontamento de outros.
Os diversos títulos
que a cidade recebe são
consequências de um patrimônio histórico herdado dos séculos em que foi
construída. Os grandes palácios e casas antigas remetem a um período de
extrema importância para a história de Belém, bem como as praças, ruas e pontos
turísticos dignos de cartões postais.
A Belle Époque nunca
seria a mesma se os mínimos detalhes de cada construção não tivessem sido
minuciosamente pensados. Desde a estrutura arquitetônica às cores e luzes. Tudo
fazia parte de uma áurea que transparecesse o tão sonhado progresso europeu. Alguns
séculos se passaram e essa
mesma imagem parecia intacta. No entanto, o século XXI entrou em cena com o
progresso tecnológico e capitalista. Não que o capitalismo já
não existisse antes, hoje apenas criou-se um codinome: conveniência.
É, talvez seja isso.
Talvez o tão conhecido Ver-o-Peso, que
já foi cenário de filmes, novelas e documentários, que já foi registrado de
maneira singular e latente na
memória da população brasileira, hoje precise ser pintado de vermelho. Quem
sabe também seja essa a explicação
para o fato de as pessoas passarem por
ali e não
perceberem que isso esta
acontecendo aos poucos - ou percebem, mas nada fazem - nem ao menos se incomodam
com tamanha descaracterização.
Não muito distante
dali, milhares de pessoas passam diariamente no Bairro do Comércio, lugar onde
se concentram várias construções das primeiras décadas
de Belém. Muitos casarões que compõe as ruas mais famosas do comércio perderam
sua característica. Detalhes
artísticos e de composições bucólicas hoje dão lugar a cores fortes e letreiros
extensos. Capitalismo, conveniência... Tudo é valido para chamar a atenção do
consumidor.
Será que Belém
chegará aos seus 400 anos ainda com os seus famosos epítetos? Terra
do açaí? Então
por que esta se tornando cada vez mais difícil de comprar? Por que está tão
caro se é um dos principais itens na mesa do paraense? Se somos a Terra do Açaí,
no mínimo deveríamos
ter condições de
comprá-lo.
Cidade das Mangueiras?
Quase não temos árvores! E as poucas mangueiras ameaçam cair de tão antigas que
são. E as nossas praças? As que são de interesse de alguns, vez
ou outra recebem manutenção.
A mudança, sendo boa
ou ruim, vende a ideia de progresso. É a velha historia do
contentar-se com o que tem. Mas será isso a prova de que precisamos de um
progresso de Estado ou o que precisamos
mesmo é de um progresso social?
Texto de Beatriz dos Santos Pastana
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