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Morena
dos cabelos pretos, lisos e longos. Morena da pele de barro molhado, dos olhos cor
de manga. A morena que já foi sinhá e madame famosa, que se vestiu da seda mais
delicada e usou das pedras mais bonitas. Senhora que já viu seus filhos lutarem
por ela; e morrerem em seus braços.
Tuas praças, tuas florestas, teus lindos campos, teus
bosques cheios de vida, teus casarios marcados pelo tempo, teu calor escaldante
e tua chuva das 14, 15, 16, de toda hora. Cada canto é um retrato da história.
Cada história, um pouco de ti.
Essa cidade, a nossa tão formosa Belém, é repleta de
belezas e encantos que muito prendem os olhos e os corações, desde aqueles que a
veem pela primeira vez até os mais habituados à paisagem. Uma cidade de uma riqueza
histórica imensa! São preditos, palacetes, casas, igrejas, monumentos que são
como ornamentos vindos de outros tempos para ataviar essa senhora de quase 400
anos! Quem nunca, passeando pelo centro histórico, contemplando as maravilhas
erigidas outrora, viu com êxtase as volutas, os detalhes, os símbolos, a
delicadeza, a perfeição? Uma cidade assim, de valor tão grande, merece (não
apenas em seu aniversário, mas sempre) uma constante evocação do seu passado. A
fim de que sua memória não fique perdida e se desfaça entre as novas e
instantâneas construções que se erguem, hoje, na cidade que chove mangas.
Neste sábado, 12 de janeiro, nossa queridíssima e amada Belém
envelhece mais um pouco. São 397 anos (tá ficando velha hein) de uma história
repleta de conquistas e derrotas. Tudo isso, evidentemente, graças aos esforços
incansáveis (cof, cof) dos departamentos competentes que
trabalham dia após dia com o intuito de aliviar e amenizar os sofrimentos
naturais do nosso povo. Povo este que é bom de temperamento, generoso por
natureza, e está sempre disposto a colaborar; com um sorriso de saudável
estoicismo, para o aumento constante do nosso produto nacional bruto. E para
comemorar os 397 anos dessa nortista gostosa, que até Manuel Bandeira queria bem,
Os Apocalípticos inicia uma série de
matérias especiais, para mostrar e contar um pouco mais de Belém, por meio da
sua história, presente em cada monumento arquitetônico com que o tempo nos
presenteou. E, cá entre nós, de Belém nós entendemos. Fiquem de olho!
Texto: Tarcízio Macêdo
e Sérgio Ferreira.
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