“A todos que conhecem o meu trabalho com as vítimas
do escalpelamento, PEÇO SOCOOOORROO!”. Assim começava o apelo de Cristina
Santos, presidente da ONG dos Ribeirinhos Vítimas de Acidente de Motor (Orvam),
em seu perfil no Facebook. Cristina expôs a falta de segurança que ameaça o
trabalho da ONG e a indiferença do governo em relação ao problema. A súplica na
mídia social chamou a nossa atenção e resolvemos conhecer mais sobre a situação
da Organização.
Com o apoio da prefeitura de Belém e do
Programa do Gugu, a Orvam foi fundada em janeiro de 2011 com o objetivo de
ajudar pessoas que sofreram escalpelamento (acidente em que as vítimas têm os cabelos
puxados pelos eixos descobertos de pequenas embarcações comuns na região
amazônica). “A nossa missão é trabalhar com a autoestima, com a questão do
preconceito e principalmente com a promoção ao mercado de trabalho”, explica
Cristina. Para desenvolver esse trabalho, a ONG conta com serviços de
assistentes sociais, psicólogos e uma oficina de perucas que recebe doações de
cabelo de várias partes do mundo.
Ainda segundo Cristina, 76 meninas estão cadastradas
e três delas já foram inseridas no mercado de trabalho. “As portas das empresas
não estão fechadas, mas depende muito do trabalho nosso”, diz. Porém, os
assaltos dificultam os trabalhos da ONG.
Em maio de 2011 foram levados equipamentos e
alguns eletrodomésticos do local. Em janeiro de 2013, a cozinha foi o alvo e já
no mês seguinte ocorreram novas tentativas de invasão. “Precisamos desse espaço
com segurança. As meninas precisam se sentir seguras, senão elas começam a não
vir. Também fica difícil pra mim e pra equipe que é totalmente voluntária. As
pessoas já vêm com a boa vontade de querer ajudar, mas complica com essa
pressão. A gente não quer muita coisa, só queremos segurança, do resto nós
vamos atrás”, explica a presidente da Orvam, preocupada com a situação de quem frequenta
o espaço.
A Organização já solicitou ajuda do governo
quanto a esses problemas, mas “hoje os governantes estão com o coração
endurecido para as causas sociais”, diz Cristina. Apesar de rondas policiais
terem sido feitas em torno da ONG depois do segundo assalto, o poder público
ainda não consegue resolver o problema de insegurança no local.
Além da insegurança, a Orvam não conta com
apoio financeiro de ninguém e, para agravar a situação, existem empresas que se
aproveitam da reputação da ONG. Regina Formigosa, que foi vítima de
escalpelamento e hoje trabalha na confecção de perucas, afirma: “Tem salão de
beleza que usa o nome da Orvam pra arrecadar cabelo, mas nós não recebemos esse
material. Se alguém quiser doar cabelo, deve doar diretamente na Orvam. Não temos
parceria com nenhum salão”.
Confira no vídeo abaixo o depoimento de algumas
pessoas que trabalham com as vítimas de acidente de motor na Orvam.
Quer colaborar com a Orvam? Visite o site da Organização: http://orvam.org.br/site/quero-ser-orvoluntario/
Texto: Jobson Murilo
Revisão: Erica Marques
Edição: Juliana Theodoro
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