Desfile leva centenas de pessoas à Aldeia Cabana/Foto Hojo Rodrigues |
O Carnaval chegou e o Pará, é claro, não ficou de fora. Para quem pensa que o Carnaval de Belém só aconteceu na nova Orla da cidade, nas ruas e avenidas com os tradicionais bloquinhos dos amigos e na Aldeia Amazônica, enganou-se. O Paraense respira Carnaval, que inspira as festas que acontecem por aqui e até a dinâmica dos Shoppings da Cidade.
Um shopping localizado na Doca, de um jeito irreverente, levou o Carnaval para dentro do seu estabelecimento. Quem passou por lá por esse período deve ter se deparado com banda, palhaços e “brincantes” que circulavam pelo Shopping ao longo do dia.
O Pará também foi lembrado no enredo da Escola de Samba do Rio de Janeiro, Imperatriz Leopoldinense, com o samba: “Pará, o muiraquitã do Brasil”. E desde sexta-feira, 8, o bairro da Pedreira abriu alas para os Desfiles Oficiais das Agremiações Carnavalescas de Belém. Até o domingo, 10, vinte e três escolas de samba passaram pela Aldeia Amazônica.
Na primeira noite, desfilaram as escolas de samba classificadas no 2º grupo. A Associação Carnavalesca "Xodó da Nega", do bairro da Cremação, foi a primeira a entrar na avenida, levando o enredo: “Então é Natal” e contando com cerca de 1.200 brincantes. Em meio há 40 baianas, estava dona Elzarina Cardias, 66 anos, que já desfila há quatro anos e disse se sentir muito emocionada: "É uma emoção única, mas que se repete a cada ano", disse ela, que também desfila em outra escola de samba.
A escola "Embaixadores Azulinos" foi a segunda a se apresentar. Com o enredo "De canto encanto a festa da fé, é o Círio de Nazaré", a escola representou a história da devoção à padroeira dos paraenses, assim como as romarias, os símbolos do Círio e as manifestações profanas da festividade.
Desfilaram na mesma noite as escolas de samba Mocidade Unida do Benguí, União Montenegrense, Coração Jurunense e Habitat do Boto; encerrando o desfile com a Escola de Samba da Matinha.
No sábado, 9, segunda noite do desfile um grande número de pessoas foi atraído para o sambódromo. As escolas de samba do 1º grupo desfilaram. A primeira escola a invadir a avenida foi o Grêmio Recreativo e Escola de Samba “Rosa da Terra Firme". Fundada em 2008, a agremiação vem ganhando espaço nos desfiles e apresentou, este ano, o enredo "Na Academia Paraense do Samba, Osvaldo Garcia é imortal e brilha com a Rosa nesse Carnaval".
Logo depois foi a vez da Escola de Samba "Piratas da Batucada", seguida pela Embaixada do “Império Pedreirense”.
"Estamos aguardando o Rancho", gritou um grupo de amigos que veio do bairro do Jurunas para ver o Grêmio Recreativo “Rancho Não Posso Me Amofinar” passar. O Rancho que foi a escola mais aguardada, fez o público vibrar com sua entrada. A agremiação jurunense trouxe o enredo "Sangue de minh'alma" e o primeiro carro alegórico, "Templo dos Sacrifícios", chamou bastante a atenção do público, representando o ritual de oferenda aos deuses.
Em seguida foi a vez da Agremiação "Bole-Bole" desfilar na avenida. Apresentando o carro abre-alas “Um mundo de fascinação”, a escola homenageou Mestre Lucindo e sua terra natal, a cidade de Marapanim. Segundo o professor de dança Rodrigo Repilla, 20, a comissão de frente veio representando "os plânctons luminosos e a espuma do mar que brilha em noites de lua cheia", um fenômeno que ocorre a beira-mar.
A última escola a se apresentar na avenida foi a “Deixa Falar”, por volta de 3h30 da manhã, encerrando o segundo dia de desfile.
No domingo, 10, mesmo com o tempo fechado na maior parte da noite, foi a vez das escolas de samba do 3º grupo e a primeira a entrar no sambódromo foi a "Caprichosos da Cidade Nova", seguida pela Associação Carnavalesca "Cacareco".
O Grêmio Carnavalesco "Parangolé do Samba" veio representando a política paraense. O deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-Pa) foi homenageado pela escola e desfilou sobre um carro alegórico.
A agremiação “Alegria Alegria” veio representando os cem anos do Cine Olympia. Segundo Mestre Santos, 56 anos, a escola teve a honra de mostrar ao público a história do cinema paraense, já que a “Alegria Alegria” é cultura. "Vamos mostrar que o Cine Olympia ainda está de pé e a gente veio para ganhar", vibrou. A comissão de frente estava caracterizada com vestimentas típicas do período colonial. "São as damas e os cavalheiros da época da inauguração do cine Olympia. A nossa coreografia é baseada na dança da época. Vamos homenagear o Cine Olympia como se fosse a sua inauguração”, disse Wendel Pantoja, 34 anos, professor de dança.
Os blocos carnavalescos se apresentaram somente na segunda-feira, 11, último dia de desfile. Doze blocos desfilaram no bairro do samba e do amor. Entre eles estavam “Mocidade Unida do Umarizal”, “Estrela Reluzente”, “Sapo Muiraquitã” e “Império Jurunense”, encerrando com o bloco “Estação Terceira”. O movimento foi fraco durante a maior parte da noite.
Para alguns comerciantes, o último dia não foi bom para as vendas. “O movimento está muito fraco, mas ainda pode melhorar. Nos dias anteriores eu vendi mais”, disse João Batista Vieira, 64 anos, ambulante.
De acordo com informações da Polícia Militar, durante todos os dias dos desfiles não houve nenhum registro de violência ou furtos. Havia cerca de 350 policiais militares, durante o evento. “Até agora ainda não teve nenhuma ocorrência. Temos de esperar até o final dos desfiles para apurar os relatórios”, disse a sargento Silvana, 39 anos, da Polícia Militar.
As escolas foram avaliadas por 22 jurados nos quesitos Alegoria, Bateria, Baianas, Comissão de frente, Evolução, Enredo, Estandarte, Fantasia, Harmonia, Mestre-Sala, Porta-Bandeira, Porta-Estandarte e Samba-Enredo. A apuração do desfile será realizada na próxima quinta-feira, 14, às 9h30 da manhã. No sábado, 16, será promovida a festa de premiação.
Texto de Hojo Rodrigues e Emanuele Corrêa
Edição Juliana Theodoro
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