Na última sexta-feira, 1º de fevereiro,
a cidade de Castanhal (interior do Pará) recebeu a primeira visita presidencial
de sua História. A presidenta Dilma Rousseff realizou a entrega de 1080 residências
das 1412 do residencial Jardim dos Ipês (pois já tinham sido entregues 332),
integrante do programa federal Minha
Casa, Minha Vida.
Foto Alice Martins |
O Jardim dos Ipês é um composto de 4
residenciais que, por sua vez, são divididos em apartamentos e casas. Fazem
parte o Residencial Jardim dos Ipês Rosas, Parque dos Ipês Brancos, Jardim dos
Ipês Roxos e Jardim dos Ipês Amarelos. Saiba os detalhes no site do Ministério das Cidades.
Os Apocalípticos foI um dos primeiros grupos da imprensa a chegar no local. Enquanto aguardávamos a
chegada presidencial, aproveitamos para conversar com a população que também
esperava por ela. Para quem estava lá, a oportunidade não era apenas de vê-la
ao vivo, mas uma chance de ser enxergado pelo Governo e poder fazer seu pedido.Como
é o caso da Cristiane Oliveira. Com 27 anos, dois filhos pequenos e um marido
desempregado, a dona de casa mora “na casa dos outros” e há quase dois anos se
alista no programa, mas até agora não conseguiu uma para si. Foi para a
cerimônia tentar a sorte e, principalmente, entregar uma carta para a
presidenta na qual explicava sua situação.
Já Maria, de 59 anos, conseguiu um
apartamento no Ipê Amarelo há três meses. Demonstrou ter gostado bastante do
local e estava feliz com o programa, mas na semana passada recebeu uma conta de
energia de R$200, que não tem como pagar, porque vive apenas de outro programa
do Governo Federal: o Bolsa Família. Como recebe R$106 por mês, o pedido que
ela queria fazer na oportunidade com a presidenta Dilma era que o Bolsa Família
expandisse e aumentasse o valor fornecido. A filha de Maria, de 20 anos, tem
três filhos e ainda não conseguiu sua casa. Ela vive com a mãe no momento e a
família tem que se locar no mesmo apartamento até conseguir outro.
Foto Alice Martins |
Podia-se ver que a situação tanto de
Cristiane quanto de Maria não eram raras. Em meio à multidão que compunha a
platéia, seguravam uma faixa dizendo “Faltou pra mim. Pq?”. Quando a
presidenta, durante a cerimônia, viu, notamos que ela conversou com o ministro
das cidades, Aguinaldo Ribeiro, e ele, em seu discurso, deu a resposta: disse
que percebeu a faixa e que a presidenta falou que mais casas serão distribuídas
em breve no mesmo residencial, o que levantou aplausos e a esperança do povo.
Mais tarde, conseguimos a informação que até 15 de fevereiro, todas as
residências estarão entregues.
A expectativa da chegada da presidenta
à cidade foi grande. Durante a semana inteira houve um movimento incomum em
Castanhal: helicópteros sobrevoando, trânsito agitado, polícia militar em
diversos pontos da cidade. No dia de sua chegada a segurança estava ainda mais
reforçada e desde 9h já se escutava os castanhalenses perguntando-se sobre a vinda da presidenta.
No local de seu pronunciamento, a produção preparava o ambiente conferindo
microfone, luz e até mesmo o clima.
A presidenta Dilma pousou no avião
presidencial às 9h50 na capital do estado, Belém. De lá, foi de helicóptero com
o governador do Pará Simão Jatene para o estádio Modelo de Castanhal, de onde
prosseguiu de carro até o Jardim dos Ipês. Quando chegou, não tinha quem não
percebesse: a multidão aclamou a presidenta com aplausos, gritos e saudações. A
presidenta não tinha como ser mais bem recebida. Dilma deu prioridade para
conhecer uma das residências que seriam entregues, onde já estavam uma futura
moradora com sua filha, que ficou emocionada ao conhecer os governantes.
Logo depois, iniciou-se a cerimônia. O
primeiro discurso foi do prefeito de Castanhal, Paulo Titan, que demonstrou um
profundo agradecimento pela visita, emocionou-se contando a História da cidade,
fez pedidos de auxílio para promover segurança e saúde e reforçou sua
cooligação com o governo da presidenta.
Em seguida, o ministro das cidades fez
seu discurso, notou a emoção e o entusiasmo de Titan com bom humor,cumprimentou
todas as autoridades presentes e falou sobre o Minha Casa, Minha Vida. Depois, foi a vez de Simão Jatene, que,
comovido, contou a história de sua própria infância, vivida em Castanhal,mas,
durante seu discurso, a população gritava pela ex-governadora Ana Júlia Carepa,
que estava presente. Jatene não fez nenhuma nota a respeito.
A seguir, três futuras famílias de
moradores subiram ao palco para pegar a chave de suas residências com o
prefeito, o ministro das cidades e a presidenta. Para representar os moradores,
Cleidiane, que também tinha acabado de receber sua chave, fez um discurso
emocionado, chegando até a chorar de felicidade e agradecendo diversas vezes à
presidenta.
Chegou então a vez do esperado discurso
de Dilma. Mais uma vez, os aplausos enchiam o Jardim dos Ipês. A presidenta,
quebrando protocolos, cumprimentou primeiramente Cleidiane e depois as
autoridades. Ela explicou, com tom de professora, como o programa funcionava,
quais seus objetivos, fez uma comparação da dificuldade de se comprar uma casa
no Brasil do passado e foi além.
É claro, não poderia deixar de atentar
para a questão da mulher brasileira: falou da importância das creches e seus
projetos já em andamento no programa Primeira Infância Melhor. Explicou
como o Minha Casa, Minha Vida
favorecia a família, já que, diferente de outros contratos de moradia, quando
um casal se separa, a casa fica em nome de quem ficar com o encargo dos filhos,
independente de ter sido primeiramente em nome do homem ou da mulher.
Parabenizou Castanhal pelo programa e
fez observações sobre a juventude da cidade – tem apenas 81 anos – e de sua
população, o que a levou a falar do jovem, do programa Ciência Sem Fronteiras e
do desemprego – o Brasil tem atualmente uma das menores taxas de desemprego da
História mundial, 4,6% -. Por fim, alertou os moradores do Jardim dos Ipês
sobre seus direitos, o que evidenciou a injustiça pela qual Maria passa:
“Ninguém, em lugar nenhum do Brasil,
pode usar a casa própria para pedir qualquer coisa para o morador, porque isso
é direito do morador. Ninguém, nem no governo federal, nem no governo estadual,
nem no governo municipal, nem na empresa e nem em lugar nenhum, em canto
nenhum, pode cobrar nada de quem tem a casa. Nada, porque este dinheiro, este
dinheiro que nós usamos é o dinheiro do povo brasileiro, e, portanto, ele volta
sob a forma de casa para o povo brasileiro.”
Deixou a cidade contando que já veio ao
Pará para participar do Círio de Nazaré, em 2010, e prometeu tentar voltar
ainda neste próximo Círio.
Texto de Alice Martins Morais
Revisão: Laís Cardoso
Edição: Emanuele Corrêa.
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