segunda-feira, 7 de abril de 2014

Jornalismo é um desafio contínuo

Hoje, 7 de abril, comemora-se o Dia do jornalista, propomos  apresentar o que mudou no perfil do jornalista e os desafios da profissão, desde a graduação ao mercado de trabalho.








As redações lotadas, papéis embolados na lixeira no canto da sala, o som da máquina de escrever... Muita coisa mudou. O perfil do jornalista mudou e a maneira como se faz o Jornalismo também.
Vive-se a convergência midiática, a possibilidade de acesso à informação por diversas plataformas que agrupam a comunicação. Mas as ferramentas são apenas engrenagens no processo: é preciso do multiprofissional para que funcione.
Esse multiprofissional é quem faz com que o jornal impresso, tenha o suporte da edição diária na internet, que faz com que os programas radiofônicos permitam acompanhar ao vivo o estúdio na web ou baixar o áudio do programa gravado. É esse perfil também que faz com que, após os telejornais, as matérias possam ser conferidas no portal do programa e inclusive promover um bate papo sobre determinado assunto que estava sendo discutido no estúdio, minutos depois do fim da entrevista num chat online.
Tudo isso reflete o novo posicionamento do Jornalismo frente às plataformas digitais. Mostra que a agilidade e instantaneidade acompanham o processo de apuração, produção e fechamento da notícia e inclui a participação do leitor, que antes aparentemente “passivo”, hoje se mostra ativo, contribuindo com denúncias, fotos, vídeos, etc.
O estudo sobre “Perfil profissional do jornalismo brasileiro – Etapa 1, 2012”, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC, em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, aponta que “seis a cada dez jornalistas de São Paulo trabalhavam em meios impressos (63,9%;); metade produzia para mídias via internet (44,6%;); um terço, para rádio, TV ou cinema (33,6%). Dentre esses setores: 76% divulgam integralmente ou grande parte do seu trabalho na internet. 9% divulgam metade de seu trabalho e 15% divulgam muito pouco ou nada¹.”
Mas não é só a produção que está disponível na internet. Os apresentadores, repórteres, editores etc têm seus perfis pessoais nas redes sociais, o que é uma maneira de se aproximar do público e, até mesmo, fora da “telinha” – no caso do telejornalismo -, o jornalista, por ser uma pessoa credível, influencia os demais cidadãos com sua postura nas redes sociais. Inspirando, inclusive os estudantes, que também são telespectadores, a seguir carreira no jornalismo.
Graduação - Se formos entender o processo como todo, o desafio começa desde a graduação. Escolher o jornalismo já é um desafio, pois a primeira frase que se vai ouvir é “mas para que, se nem é mais preciso diploma?”. A segunda é “mas jornalista ganha mal”. A questão do diploma e do salário pesa. Não basta apenas concorrer ao vestibular, manter-se bem colocado e avaliado na graduação, driblar as cobranças em sala de aula, em família, as madrugadas para cumprir os trabalhos e se dividir entre outras atividades, como o estágio – que agora é obrigatório nas diretrizes do curso –  tudo isso faz testar o amor que se tem à profissão.
Desafios da profissão - O desafio de se fazer o Jornalismo hoje não é só lidar com a convergência midiática, aperfeiçoar-se e ser o multiprofissional, nem de vencer o pouco espaço de tempo de apuração, produção para se colocar um jornal no ar, por exemplo. Há o desafio diário de exercer a profissão, reconhecendo que, nem só de dedicação e sensação de “missão cumprida” ou de “mostrar ao público o que é de interesse do público” - que afeta diretamente o lado social -, mas há o desafio de fazer tudo isso e não ter o salário compatível aos riscos que se corre, ao investimento intelectual que se foi feito, nem menos ainda a segurança de se andar nas ruas sabendo que a qualquer momento você pode ser coagido por algum criminoso. O mesmo risco que se corre ao fazer uma cobertura e ficar em meio a balas de borracha, spray de pimenta, ou sofrer a censura física. E ainda tem isso: a censura.
Censura que as próprias linhas editoriais colocam, para que não firam interesse de terceiros, e a censura que alguém submente a um jornalista quando toma o microfone, quebra a câmera. O repórter Marcio Lins, neste último sábado, presenciou a censura e a violência que cercou o Jornalismo: “A violência nunca vai ser o melhor meio de se discutir opiniões ou a forma como trabalho. Ainda mais sendo uma violência covarde e praticada por quem deveria garantir a segurança”, e completou: “o cara passou na minha frente, passou do meu lado, ficou atrás de mim pra me atingir sem chance de me defender. No pouco que deu pra ver nas imagens (sim, eles tentaram arrancar a câmera do cinegrafista Jairo Lopes, impedindo nosso trabalho - ah ele também pegou um soco), parece que ele me atinge na cabeça com um capacete, fiquei assim por uns dez minutos. Quando acordei, fiquei tão atordoado que nem sabia o que tinha acontecido”. O assunto está sendo tratado pela emissora em que Marcio trabalha, mas ele também se posiciona nas redes sociais e obtém instantaneamente o feedback da população.
São muitos desafios para os jornalistas, como a precarização no vinculo empregatício: muitos optam por ser freelancers, assessores, consultores jurídicos ou politico, numa tentativa de melhorar a questão salarial, e também de planejar a sua vida em termos econômicos e afetivos, pois o primeiro relacionamento que o jornalista tem antes de tudo é com a notícia.
Texto de Emanuele Corrêa
Revisão de Alice Martins Morais
Edição de Juliana Theodoro

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