segunda-feira, 26 de maio de 2014

Aumento de acordo com a qualidade do serviço?

Foto de Renato Marvin
A recente greve dos rodoviários, que começou à meia-noite do dia 08 de maio e não durou nem 24 horas, teve um final feliz (pelo menos para os grevistas). A proposta oferecida pelos donos das empresas de ônibus foi aceita pela categoria e ficou acertado o reajuste salarial de 7%, além do aumento de R$ 40 no tíquete alimentação e de R$ 30 no auxílio clínica. Mas, antes mesmo de ter sido deflagrada a greve, o Sindicato das Empresas de Transporte de Belém (Setransbel) já tinha comentado em reunião que a tarifa de ônibus poderia aumentar.

No sábado, 17 de maio, a proposta de aumento apresentada pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (SEMOB) foi homologada pelo prefeito Zenaldo Coutinho e a passagem aumentou de R$2,20 para R$2,40. Mesmo diante de protestos contra o aumento, o prefeito aceitou a proposta, tornando a tarifa mais "salgada" para quem depende do transporte público aqui na capital.

Logo após a homologação, surgiram diversas reclamações, principalmente nas redes sociais, sobre as condições dos ônibus públicos da cidade. Uma das reclamações veio de Renato Marvin, que publicou no Facebook uma foto que mostrava claramente duas poltronas danificadas e sujas, além de outras reclamações de pessoas que dependem do serviço todos os dias.

O aumento da passagem representa um impacto de 16,11% em quem recebe um salário mínimo e pega dois ônibus por dia, o que afeta diretamente outros gastos mensais que são essenciais para a sobrevivência. Por esse e outros motivos, o vereador Cleber Rabelo (PSTU/PA) protocolou, no dia 19 deste mês, no Ministério Público Estadual do Pará, um requerimento de interferência do órgão, visando a redução da passagem. De acordo com o vereador, o aumento da tarifa é proibido e exorbitante, já que vai de contra o artigo 146 da Lei Orgânica Municipal, no qual é concedida ao poder público a responsabilidade pelo transporte coletivo, onde deve ser garantido à população o direito de pagar por uma tarifa que condiz com o seu poder aquisitivo.

Foi criada, no ano passado, uma comissão coordenada pelo Ministério Público Estadual para avaliar a situação dos transportes de Belém. Além disso, a comissão foi elaborada também para analisar os números e apresentá-los publicamente, mostrando a realidade financeira do transporte coletivo de Belém e verificando se, de fato, existe a possibilidade de baixar o preço da passagem ou aumentá-lo. Mas a tarifa aumentou e até agora a comissão não se pronunciou. 

Os rodoviários conseguiram o aumento que queriam e o Sindicato das Empresas de Transportes também, mas quem pagou a conta no final de tudo foi a população que reclama diariamente da quantidade de ônibus sucateados e que trafegam lotados, dos motoristas que em grande parte vivem estressados, que desrespeitam os passageiros e que às vezes “queimam” as paradas de ônibus. Aliás, as paradas de ônibus são outro problema, já que parecem estar esquecidas, uma vez que não é difícil encontrá-las quebradas e cheias de lixo.

Partindo da insatisfação dos usuários e da situação em que se encontra o transporte coletivo em Belém, resta a pergunta: será que o reajuste na tarifa de ônibus está de acordo com a qualidade do serviço oferecido à população?

Texto de Felipe Matheus
Revisão de Arthur Medeiros 
Edição de George Miranda

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