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Mapa do Qatar (imagens da Internet) |
Nas últimas semanas, um estranho nome tem chamado a atenção dos paraenses. Pouco conhecido pela população, o país homenageado da XVIII Feira Pan-amazônica do Livro, Qatar, causa estranheza em muitos dos cidadãos que se perguntam quem viria a ser o tal país asiático. Com o tema “Qatar: Uma janela para o mundo árabe”, a Feira começa no próximo dia 30, sexta-feira, e segue até 8 de junho.
As primeiras dúvidas surgem logo com a pronúncia da palavra Qatar, que inicia com a letra “q” sem o seu tradicional companheiro “u”, como estamos acostumados a ver na língua portuguesa. Em português, no entanto, a forma correta da palavra é Catar, mas acaba perdendo espaço para a outra versão devido a maior popularidade dessa última na mídia (o mesmo que ocorre com os termos Al-Qaeda e Alcaida).
O país em questão é um emirado árabe encontrado no Oriente Médio, na pequena Península do Catar, imprensado entre a Arábia Saudita e o Golfo Pérsico. Está nas proximidades da ilha de Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos, além de possuir apenas as águas do Golfo separando-o do Irã.
Por ser um emirado, o Qatar é governado por um monarca da nobreza muçulmana conhecido como Emir, sendo o atual: Tamim bin Hamad Al Thani, da Casa de Thani, a qual tem governado o país desde o século XIX. O governo é absolutista e hereditário, partidos políticos são proibidos e apenas o Emir pode eleger e remover os membros do Conselho de Ministros, as autoridades executivas supremas do país. Além do poder executivo, o Conselho propõe leis que são discutidas pelo Conselho Consultivo (conhecido como Majilis Al-Shura), para então serem submetidas a aprovação do próprio Emir. Eleições para a escolha dos membros do Majilis Al-Shura foram anunciadas e adiadas diversas vezes, nunca vindo de fato a ocorrer. A palavra final nesses e outros assuntos continuam sendo do Emir.
Embora haja recentes esforços para garantir a liberdade religiosa dentro do emirado, o islamismo é a religião predominante na população, sendo, em sua maior parte, composta de muçulmanos sunitas. Há grandes restrições às práticas de outras correntes religiosas, como a proibição da conversão religiosa por não-muçulmanos e de adorações públicas não-islâmicas, as quais devem ser reservadas a lugares privados e específicos. Com cerca de 13.8% da população, segundo censo do Centro de Pesquisa Pew Forum, o cristianismo é a segunda maior religião do país, sendo majoritariamente formada por estrangeiros.
O islamismo é uma religião monoteísta, articulada em torno do Alcorão, que seria o livro sagrado de Deus, e dos ensinamentos de Muhammed, para eles, o maior de todos os profetas. Dentre as práticas principais da religião estão: os Cinco Pilares do Islamismo (declaração da fé em apenas Deus; orações diárias; doações de esmolas; jejum durante o mês de Ramadan e peregrinação à cidade de Mecca), a ideia de paraíso e inferno, predestinação e a Shari’ah ― a Lei Islâmica.
Por ser diretamente influenciado pela Shari’ah, o sistema legal do Catar é considerado parcialmente teocrático (fundamentado pela religião), principalmente em assuntos familiares e pessoais. Em alguns casos familiares, por exemplo, o depoimento de uma mulher vale metade do de um homem e, às vezes, testemunhas femininas não são aceitas.
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Características visuais dos habitantes de Catar fazem parte da identidade do país (imagens da Internet |

O Catar ganhou grande destaque internacional nas últimas décadas por seu rápido crescimento econômico. Antes com uma humilde economia baseada na pesca e no comércio de pérolas, o país conheceu uma otimista ascensão econômica com as descobertas do petróleo e gás natural na região nos anos 1940. O emirado, hoje, tem reservas de petróleos de cerca de 15 bilhões de barris (2,4 km²), além da terceira maior reserva de gás natural do mundo, configurando-o como o país mais rico do mundo no quesito renda per-capita, segundo dados da Revista Forbes. É considerado pelo Banco Mundial uma economia de alta renda (por sua estimativa de US$ 182,004 bilhões de Produto Interno Bruto) e exerce o 19º lugar de país mais pacífico do globo. Com um alto padrão de vida, e uma população de cerca de 1.8 milhões, é também conhecido como um dos poucos países no mundo onde os cidadãos não precisam pagar impostos.
Com uma área de 11.586 km², menor que o estado brasileiro de Sergipe, de terreno plano e desértico, coberto por areia e cascalho, o Catar tem um clima árido de invernos suaves e verões quentes e úmidos. Neblinas e tempestades de areia são eventos comuns na região. Com uma costa de 563 km de extensão, o país possui inúmeras praias, dentre elas a Sealine Beach, repleta de dunas.
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Vista panorâmica da Pérola, ilha artificial do Catar (Imagens da Internet) |

Um pouco além da costa oeste de Doha, foi construída A Pérola, uma ilha artificial de bilhões de dólares com áreas residências, hotéis de luxos, shopping centers e etc. Seu formato lembra um colar de pérolas e é um dos principais investimentos turísticos da região.
Com tanta prosperidade e singularidade, existem muito mais informações que podem ser encontradas sobre o Catar. Não é de se admirar que o emirado tenha ganhado a atenção mundial, tanto com os olhos dos negócios quanto do turismo se voltando para ele. Não só a nossa tradicional Feira do Livro resolveu homenagear o país, contando com boa parte de sua programação dedicada à cultura árabe, como a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) ao escolhê-lo como país-sede da Copa Mundial de Futebol 2022. Ratificando que o pequeno emirado de localização estratégica no Golfo Pérsico é uma nação que merece ser mais reconhecida.
Texto de Arthur Medeiros
Revisão de Laís Cardoso
Edição de Juliana Theodoro
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