Emanuele Corrêa/Apocalípticos |
Concentração dos manifestantes na escadinha do Cais do Porto, em Belém do Pará
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A segunda edição da Marcha das Vadias atraiu uma multidão para o centro de Belém. Com o tema "Lugar de mulher é onde ela quiser", o encontro reuniu centenas de pessoas, em sua maioria mulheres, e vários coletivos feministas, como a Marcha Mundial das Mulheres, Mulheres em Luta e o Movimento Juntas. No último domingo, 27, os manifestantes saíram da escadinha do Cais do Porto, ao lado da Estação das Docas, por volta das 10h30. A multidão, que estava concentrada desde as 9h, seguiu pela Avenida Presidente Vargas até o Theatro da Paz.
A Marcha das Vadias, que teve sua primeira edição realizada no ano passado, foi inspirada no SlutWalk, movimento pacífico mundial que surgiu em Toronto, no Canadá. Após diversos casos de abuso sexual contra mulheres na universidade da cidade, um policial disse que elas deveriam parar de andar como vadias se não quisessem ser estupradas. Assim, mulheres de diversos países resolveram sair às ruas para protestar contra a declaração da autoridade.
Segundo Lorena Abraão, uma das líderes da manifestação em Belém, o argumento do policial revela que, na sociedade machista, a mulher é ensinada a não ser estuprada, ou seja, a vítima passa a ser culpada ao invés do criminoso.
"A nossa luta é todo o dia. Somos mulheres e não mercadoria", gritavam as militantes e membros dos coletivos durante a marcha. Cartazes como "Sou filha da luta" e "Eu quero tchu, tcha, ser livre" marcaram o protesto.
Hojo Rodrigues/Apocalípticos
Manifestantes fazem passeata pelos direitos das mulheres
A integrante do movimento Mulheres em Luta, Gizelle Freitas, explicou como a Marcha das Vadias é organizada hoje no Pará. "A marcha é constituída de vários coletivos. Mas, há mulheres que não fazem parte de nenhum coletivo e que estão aqui como participantes, dando apoio à luta". Gizelle aproveitou a oportunidade e deixou um recado para a sociedade machista: "Tirem seu machismo do caminho, pois nós vamos passar com a nossa liberdade".
Viviane Reis, que faz parte da comissão organizadora do coletivo Junta, disse que a marcha tem grande importância para a sociedade em geral, pois tem o objetivo de mostrar que as mulheres ainda são discriminadas, e precisam ser respeitadas e lutar pelos seus direitos.
No evento, as jovens do grupo Rainhas do Burlesco, caracterizadas de personagens femininas que se destacaram em suas épocas, animavam e chamavam a atenção do público. Maria Hortência Brito, disse se sentir bem ao representar a personagem Carmen Miranda. Segundo ela, a figura da personagem é importante na luta das mulheres. "Quando me convidaram para participar da comissão, caracterizada de Carmen Miranda, eu aceitei e pesquisei sobre a vida da personagem e achei muito interessante. Foi uma mulher corajosa que enfrentou o forte machismo da sociedade de sua época", disse ela.
Hortência, que participou da marcha pela primeira vez, disse ainda que o movimento luta não apenas pelos direitos das mulheres, mas por causas gerais. Por isso, ela prefere chamar de "marcha da liberdade".
Outras personagens, como Marilyn Monroe, Frida Kahlo, Iracema, Maria Madalena, Betty Broadbent e Dercy Gonçalves, davam um ar de elegância em meio ao protesto.
Dayane Gonçalves, integrante da Enecos-Pa (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social), disse que executiva de curso tem o papel de apoiar a mulheres na luta contra o machismo. "O papel da Enecos na Marcha das Vadias extrapola o apoio estudantil aos coletivos nacionais e estaduais que lutam contra o machismo”, afirmou.
Figura marcante na luta político-social feminista, a ex-senadora Marinor Brito (PSOL-PA) esteve presente na marcha que atraiu, também, alguns homens que estão a favor da luta das mulheres contra o machismo e a discriminação.
Vestido com trajes femininos, o participante José Sena, 29 anos, disse que o homem tem grande importância na luta das mulheres, para o equilíbrio da sociedade. "O homem pode ajudar a mudar esse estilo de comportamento na sociedade que discrimina. Somos todos iguais.", afirmou ele.
Segundo o estudante universitário Rodrigo Queiroz, 23 anos, para uma sociedade justa o homem não deve ser machista, pois assim não haverá democracia e liberdade. "Mais do que nunca, o homem deve apoiar as reivindicações das mulheres, pois ele é protagonista no papel de anunciar o modelo político-social a ser seguido pela sociedade", explicou.
Tatiana Vieira, 35 anos, participou da marcha pela primeira vez e gostou do evento, mas, disse que poderia ser melhor. "Gostei muito. Mas vieram poucas pessoas. Poderia ser melhor se viessem mais pessoas", opinou ela. Para Tatiana, a marcha tem a importância de sensibilizar as pessoas para mostrar que a mulher deve ser livre e conquistar o espaço que merece ou deseja ter na sociedade. Ela ainda disse estar se organizando politicamente.
A marcha chegou ao Theatro da Paz por volta das 12h15. Em frente ao teatro, uma multidão formou um círculo e, ao centro, as personagens do grupo Rainhas do Burlesco apresentaram uma coreografia e convidaram o público para dançar.
Os Apocalípticos marcaram presença e trazem mais informações sobre a segunda edição da Marcha das Vadias em Belém do Pará.A marcha chegou ao Theatro da Paz por volta das 12h15. Em frente ao teatro, uma multidão formou um círculo e, ao centro, as personagens do grupo Rainhas do Burlesco apresentaram uma coreografia e convidaram o público para dançar.
Fábia Sepêda/Apocalípticos
Errata/Nota: Onde lê-se, no vídeo, Eliane Abreu, é, na verdade, Viviane Reis. Desculpe-nos pelo transtorno, agradecemos a atenção.
Texto de Hojo Rodrigues
Muito legal galera, parabéns! Gostei da ideia do vídeo, com a apresentação, as entrevistas e tals...vocês levam jeito pra TV, meninas! hehehehe Mas acho que, apesar do trabalho que isso iria dar, tinha que ter reeditado o vídeo pra ir com o nome certo da entrevistada!
ResponderExcluirMuito bom. Se já começou assim, imagina o que vem por aí! Vocês estão com tudo... quero ver muito maia! Essa galera de 2012, todos trabalhados nas mídias! Bom trabalho para vocês!
ResponderExcluirRealmente muito bom o trabalho de vocês!
ResponderExcluirSó senti falta de uma coisa.
A Marcha das Vadias é um evento muito criticado pela forma como é organizado. Muitos que apoiam a iniciativa criticam a confusão gerada pelos trajes e pelos termos como "vadia, puta, piriguete" quando usados sem maiores esclarecimentos. Segundo esses, nenhuma pessoa desinformada, que não entenda ainda o significado da Marcha, compreenderá o problema social que é contestado, pois, defendem, essas pessoas que passam na rua veem o seguinte quadro: várias mulheres se divertindo e se autodenominando putas sem motivo algum para isso, talvez apenas por "libertinagem", não por liberdade.
Entendo que um passo importante para a conscientização são reportagens como essa, mas enquanto eventos como esse não são massivamente divulgados nem discutidos, penso que seria importante que vocês acompanhassem a visão de quem assiste à manifestação. Assim, nós podemos validar ou não essas críticas - que são muitas - e ainda verificar a dimensão da repercussão gerada pela Marcha. Ainda mais, dessa forma, poderíamos contribuir para o movimento, apontando em que pontos poderiam modificar-se para melhor alcançar seus objetivos.
Parabéns, Apocalípticos! :)
Olá Oton,
ResponderExcluirMuito obrigado por parabenizar o nosso trabalho. Na verdade, trabalho mesmo que está valendo a pena, mas, só está começando. Realmente, não chegamos a entrevistar as pessoas que assistiram à manifestação para divulgarmos a opinião delas sobre o movimento. Pedimos desculpas pela falta. Estamos caminhando para melhorar nosso trabalho como comunicólogos a cerca dos acontecimentos em nossa cidade. Novamente volto a agradecer em nome dos Apocalípticos, assim como, contamos com a sua opinião a cerca de outras matérias que virão mais adiante [antes que o mundo acabe!].
Hojo Rodrigues
Comunicação Social – Jornalismo
UFPA