quinta-feira, 21 de junho de 2012

Um toque mais junino

Já estamos no meio do mês de junho e os festejos juninos estão só começando. E em busca de algo diferente, atrativo e tipicamente paraense, Os Apocalípticos encontraram e estiveram presentes na apresentação do Pássaro Junino Tucano com a peça: “Como sofre um coração de mãe”, que aconteceu no SESC Boulevard. Antes de contar o enredo, aqui vai um comentário rápido sobre o que é o Pássaro Junino, pois tenho certeza que você está se perguntando o que é isso.
O Pássaro Junino, também conhecido como melodrama-fantasia, é um teatro popular que acontece no período da festividade de São João, onde histórias com características sociais, desde elações amorosas a conflitos familiares, são encenadas. Os personagens são de variadas classes sociais e o figurino usado pelos atores nos leva à realidade da época apresentada no palco. Em Belém, há diversos Pássaros Juninos em atividade, entre estes, está o Pássaro Tucano.
                                                                                                                                                Foto: Felipe Matheus
Foto: Newton Correa
O elenco reunido agradece ao público
Agora que você já conheceu um pouco sobre esse melodrama-fantasia, é hora de conhecer o enredo da peça. “Como sofre um coração de mãe”, mostra a história da Marquesa Naí de Latier, e sua dedicação a seu marido e seus quatro filhos: Célio, o príncipe mais velho e revoltado; Lucival, o filho mais novo e desaparecido ainda criança; Angela e Júlio, os únicos que ajudam a mãe superar todo esse sofrimento. Além deles, contamos com a alegria do casal de matutos e seu filho, o compadre, um soldado impreciso, uma doce matutinha, a fada, a feiticeira Esmeralda e a Índia Iacy. A peça é dirigida por Iracema de Oliveira com texto de Lorival de Oliveira.
O Pássaro Junino Tucano é mais uma demonstração da arte paraense, com o toque todo especial da música ao vivo ao decorrer da peça. A diretora da peça, Iracema de Oliveira e também guardiã do Pássaro, fala da importância da peça para a população: “O Pássaro Junino Tucano é representado desde 1900 e foi passando por várias gerações, até chegar hoje em dia onde a minha neta é que interpreta o Tucano. Pelo passar do tempo também teve alteração no enredo, especialmente no final. A peça é um traço da cultura paraense e merece ter um destaque melhor. Podemos ver na plateia amigos, antigos participantes da peça, mas também vemos brincantes, outras pessoas que receberam o convite através da mídia, pois sem ela não se tem nada”. A dificuldade de se encontrar espaço físico disponível também foi comentada por Iracema.
Jessé Andrade, estudante de jornalismo na UFPA, interpretou o príncipe Célio e falou como surgiu o convite para fazer parte do Pássaro: “Eu estava fazendo um trabalho no CENTUR quando me perguntaram se eu queria interpretar o príncipe na peça e eu aceitei. Nos ensaios, todos já estavam com seu texto decorado e eu gravei o meu em pouco tempo. Os detalhes do figurino te levam para essa outra época.”
                                                                                                                                                                  Foto: Newton Corrêa
Foto: Newton Correa
Wirlley, Amanda e Adrielson (esquerda à direita)
Alguns atores já participaram de outras peças de teatro, como é o caso de Wirlley Quaresma, estudante de filosofia da UFPA, que interpretou o príncipe Júlio: “Eu já participei de outras e em uma delas eu conheci a Iracema e recebi o convite de participar do elenco do Pássaro Junino.”A importância da mídia na divulgação da peça foi comentada por Adrielson Acácio, estudante da UFPA e intérprete do Marquês: “A mídia é muito importante na divulgação, tanto que este ano eu fiz o cartaz da peça e assim como os outros atores divulgamos nas redes sociais”.
Diego Amador, estudante de ciência da religião, intérprete do marido matuto e Amanda Carmona, professora de dança que interpretou a fada, falaram do valor da peça para a população paraense e da dificuldade de se conseguir espaço e patrocinador, pois isso influencia muito na atividade do Pássaro Junino.
                                                                  Foto: Felipe Matheus
Foto: Felipe Mateus
Raoani Ribeiro e Diego Amador interpretando o casal de matutos
            Raoani Ribeiro, auxiliar de escritório, que interpretou a esposa matuta falou, da sensação de estar no palco e do conhecimento que absorveu. Afirmou que não tem como não se deixar contagiar, não sentir uma emoção ao estar no palco e comenta que com a peça, descobriu muito mais sobre a cultura paraense. Raoani completa falando das dificuldades que ocorrem na valorização da peça “É muito difícil você ensaiar durante três, quatro meses e ter somente três apresentações.


              Dá uma olhada no que rolou:
                                                                                                                           Edição: Fábia Sepêda
         Isso é só um pouco do que é apresentado na peça do Pássaro Junino Tucano.  Ficou com vontade de assistir? Então corre, porque ainda tem mais duas apresentações: dia 22/06, no Teatro Margarida Schivasappa às 19h, e 24/06 no Museu Emílio Goeldi às 19h.
                 Texto de Erica Marques

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