Já estamos no meio do mês de junho e os
festejos juninos estão só começando. E em busca de algo diferente, atrativo e
tipicamente paraense, Os Apocalípticos encontraram e estiveram presentes na
apresentação do Pássaro Junino Tucano com a peça: “Como sofre um coração de
mãe”, que aconteceu no SESC Boulevard. Antes de contar o enredo, aqui vai um
comentário rápido sobre o que é o Pássaro Junino, pois tenho certeza que você
está se perguntando o que é isso.
O
Pássaro Junino, também conhecido como melodrama-fantasia, é um teatro popular
que acontece no período da festividade de São João, onde histórias com
características sociais, desde elações amorosas a conflitos familiares, são
encenadas. Os personagens são de variadas classes sociais e o figurino usado
pelos atores nos leva à realidade da época apresentada no palco. Em Belém, há
diversos Pássaros Juninos em atividade, entre estes, está o Pássaro Tucano.
Foto: Felipe Matheus
Foto: Felipe Matheus
O elenco reunido agradece ao público
Agora que você já conheceu um pouco
sobre esse melodrama-fantasia, é hora de conhecer o enredo da peça. “Como sofre
um coração de mãe”, mostra a história da Marquesa Naí de Latier, e sua
dedicação a seu marido e seus quatro filhos: Célio, o príncipe mais velho e
revoltado; Lucival, o filho mais novo e desaparecido ainda criança; Angela e
Júlio, os únicos que ajudam a mãe superar todo esse sofrimento. Além deles,
contamos com a alegria do casal de matutos e seu filho, o compadre, um soldado
impreciso, uma doce matutinha, a fada, a feiticeira Esmeralda e a Índia Iacy. A
peça é dirigida por Iracema de Oliveira com texto de Lorival de Oliveira.
O Pássaro Junino Tucano é mais uma
demonstração da arte paraense, com o toque todo especial da música ao vivo ao
decorrer da peça. A diretora da peça, Iracema de Oliveira e também guardiã do
Pássaro, fala da importância da peça para a população: “O Pássaro Junino Tucano
é representado desde 1900 e foi passando por várias gerações, até chegar hoje
em dia onde a minha neta é que interpreta o Tucano. Pelo passar do tempo também
teve alteração no enredo, especialmente no final. A peça é um traço da cultura
paraense e merece ter um destaque melhor. Podemos ver na plateia amigos,
antigos participantes da peça, mas também vemos brincantes, outras pessoas que
receberam o convite através da mídia, pois sem ela não se tem nada”. A
dificuldade de se encontrar espaço físico disponível também foi comentada por
Iracema.
Jessé Andrade, estudante de jornalismo
na UFPA, interpretou o príncipe Célio e falou como surgiu o convite para fazer
parte do Pássaro: “Eu estava fazendo um trabalho no CENTUR quando me
perguntaram se eu queria interpretar o príncipe na peça e eu aceitei. Nos ensaios,
todos já estavam com seu texto decorado e eu gravei o meu em pouco tempo. Os
detalhes do figurino te levam para essa outra época.”
Foto: Newton Corrêa
Wirlley, Amanda e Adrielson (esquerda à direita) |
Alguns atores já participaram de outras
peças de teatro, como é o caso de Wirlley Quaresma, estudante
de filosofia da UFPA, que interpretou o príncipe Júlio: “Eu já participei de
outras e em uma delas eu conheci a Iracema e recebi o convite de participar do
elenco do Pássaro Junino.” A importância da mídia na divulgação da
peça foi comentada por Adrielson Acácio, estudante da UFPA e intérprete do Marquês:
“A mídia é muito importante na divulgação, tanto que este ano eu fiz o cartaz
da peça e assim como os outros atores divulgamos nas redes sociais”.
Diego Amador, estudante de ciência da
religião, intérprete do marido matuto e Amanda Carmona, professora de dança que
interpretou a fada, falaram do valor da peça para a população paraense e da
dificuldade de se conseguir espaço e patrocinador, pois isso influencia muito na
atividade do Pássaro Junino.
Foto: Felipe Matheus
Raoani Ribeiro e Diego Amador interpretando o casal de matutos |
Raoani
Ribeiro, auxiliar de escritório, que interpretou a esposa matuta falou, da
sensação de estar no palco e do conhecimento que absorveu. Afirmou que não tem
como não se deixar contagiar, não sentir uma emoção ao estar no palco e comenta
que com a peça, descobriu muito mais sobre a cultura paraense. Raoani completa
falando das dificuldades que ocorrem na valorização da peça “É muito difícil você
ensaiar durante três, quatro meses e ter somente três apresentações.”
Dá uma olhada no que rolou:
Edição: Fábia Sepêda
Edição: Fábia Sepêda
Isso é só um pouco do que é apresentado na peça do Pássaro Junino Tucano. Ficou com vontade de assistir? Então corre, porque ainda tem mais duas apresentações: dia 22/06, no Teatro Margarida Schivasappa às 19h, e 24/06 no Museu Emílio Goeldi às 19h.
Texto de Erica Marques
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