sexta-feira, 24 de agosto de 2012

100 dias de greve

             Tédio. Essa é a palavra que pode descrever o que os estudantes da Universidade Federal do Pará estão sentindo durante esses exatos cem dias de greve. É isso mesmo. Cem dias de greve! O que para alguns pode parecer um absurdo para outros pode ser mais uma forma de lutar pelos seus interesses. E agora? Quem está certo? Quem está errado?
              O universitário Ricardo Valente é um dos estudantes que já se encontra entediado. "Estou cansado de ficar em casa sem poder ir à faculdade. Estou me sentindo entediado. É uma situação muito desagradável, pois já estamos cansados de esperar o término da greve e nada se revolve. Pela falta de prática e conteúdo até esquecemos o que aprendemos no semestre passado", conta.
        Durante esse período, várias manifestações e reuniões foram realizadas, mas nada foi resolvido. É preocupante a situação dos alunos em relação ao calendário acadêmico, pois, de uma forma ou de outra, os mais prejudicados após o fim da greve serão os discentes.
           Neyby Cidade, 21 anos, é estudante do terceiro semestre e está consciente de que ficará prejudicada mesmo quando a greve terminar. "Durante esse tempo todo estamos perdendo muito conteúdo. Isso irá gerar uma consequência grave no futuro, pois os alunos que estão no último semestre se formarão atrasados e ainda seremos profissionais mal qualificados pelo fato de termos uma formação deficiente", disse a estudante. Ela contou ainda que não são todos os professores que estão a favor da prolongação da greve. "Não adianta generalizar. Tenho professores ótimos e que por eles essa greve nem estaria acontecendo."
          Assim como os estudantes, uma parcela de docentes da UFPA já deseja retomar as suas atividades na universidade. Porém, a categoria está dividida. Enquanto alguns professores ainda estão reivindicando seus interesses, outros se mantêm pressionados a não retornarem ao trabalho. "Alguns professores não estão nem aí para a gente. Acho que foi muito radical essa decisão dos docentes de fechar os portões da universidade impedindo as pessoas de realizarem seus afazeres", disse a estudante de comunicação social Laís do Valle que está inconformada com o imenso período de greve.
             Para a estudante Lidyane Albim, 29 anos, os alunos não estão se manifestando em relação à greve. "Eu compreendo os professores mesmo sabendo que ficaremos prejudicados. Mas, os estudantes deveriam apoiar a causa dos docentes e não cruzar os braços e esperar futuros acordos", revelou.
              Mas, será que, os alunos deveriam se posicionar e comprar esta briga também? Isso poderia até ser loucura, mas talvez rendesse numa grande mobilização em busca, não somente de interesses comuns, mas de interesses coletivos e quem sabe, até determinaria no fim dessa indesejada greve.
            Segundo a professora Alda Costa, a próxima semana será decisiva na questão do retorno dos docentes as suas atividades na universidade. "Se o governo não der uma resposta até o dia 31 deste mês é bem provável que os professores retornem ao trabalho na primeira semana de setembro", disse.
          Mas, tédio não é a única palavra que pode descrever o que os alunos da UFPA estão passando. Indignação! Muitos estudantes estão indignados com o descaso do governo com a educação em nosso país. "A educação no Brasil não tem prioridade. O governo não está preocupado com a situação dos professores, muito menos com a nossa situação. Quanto mais pessoas ignorantes melhor para o governo, pois não teremos capacidade de questionar nem de reivindicar nossos direitos como cidadãos. E isso é melhor para o bolso deles", desabafou a estudante Laís do Valle.
           De acordo com o portal ORM, os servidores técnico-administrativos das instituições federais do Pará retomarão suas atividades na próxima segunda-feira, 27, pois, apesar de a greve já haver terminado para a categoria, as atividades só serão normalizadas na segunda-feira.
              Enquanto isso, a greve dos docentes da Universidade Federal do Pará continua.

                                                                                                                         Texto de Hojo Rodrigues

Nenhum comentário :

Postar um comentário