Foto: Laís Cardoso
A estudante Vitória Cordovil reivindica melhorias na educação
“Acorda, sociedade, educação é
prioridade”. Assim eram os gritos na tarde desta quarta-feira, 29 de agosto,
pelos sinais da Avenida Presidente Vargas em Belém. Alunos da UFPA e de Institutos Federais mobilizaram-se num ATO PELA EDUCAÇÃO, cuja intenção era
alertar a população sobre o descaso com a educação.
Com apitos e cartazes, os estudantes manifestaram seu apoio à greve dos
professores federais que há três meses continua sem acordo. Nesta quinta-feira,
dia 30, os professores decidiram manter a greve; o governo já decretou o fim
das negociações. Embora a paralisação das atividades deixe em aberto a situação
do calendário acadêmico, os formandos reconhecem a luta e fazem questão de
mostrar à população que não só apoiam como integram a greve, a falta de
assistência estudantil pelo governo é um dos principais pontos defendidos. Com
dizeres como: “A greve também é nossa” e “Dilma queremos lhe lembrar que também
somos eleitores! Somos milhares”, seus cartazes tinham a intenção de “forçar”
uma negociação e chamar a atenção da presidente Dilma que, coincidentemente,
estava em um Congresso de Contabilidade na capital.
O ATO PELA EDUCAÇÃO aconteceu sexta-feira, dia 24, em 12 capitais do país,
todos relacionados à greve e à valorização dos docentes. Os estudantes
acreditam que esta não é só uma luta pela educação, como disse o estudante do
oitavo semestre do curso de Medicina da UFPA, Gabriel Andrade: “As
universidades sofrem com o processo de sucateamento que tem mais de vinte anos,
desde que a gente voltou a ser uma democracia. Este é um ato que pede por
melhorias na educação e em tecnologia, não só física, como humana” .
A atual greve dos professores é uma das mais importantes do Brasil: 100% das
universidades federais brasileiras aderiram à paralisação, um total de 59
instituições. Pela força que teve, impulsionou várias outras greves no país,
mais de 20 categorias de servidores públicos estagnaram suas atividades.
Foto: Laís Cardoso
Cartazes lembram a presidente Dilma da importância dos estudantes
A maioria da população não vive a realidade das universidades, cerca de 5% de
seu total cursa o ensino superior, uma quantidade bem pequena. A importância
desse ato consiste em divulgar e conscientizar a população de que somente com a
valorização da educação e do professor é que haverá um ensino público de
qualidade.
“Muitas das vezes a gente discute a greve dentro do viés dos professores, mas
também é importante discutir dentro do viés de estudante. O que nós temos que
reivindicar para melhorar nossa condição de vida acadêmica?” diz Anderson,
aluno do curso de Psicologia da UFPA.
As principais reivindicações dos docentes são o reajuste salarial, a redução e
facilitação do acesso aos níveis de carreira. Já o governo, ao tentar se
justificar, diz que não têm verba para atender ao reclamo dos professores. No
entanto, a realidade é outra: a mudança no plano de carreira implicará no
modelo de universidade empregado – modelo privatista – onde cada vez menos
alunos podem realizar pesquisas e projetos de extensão por falta de estrutura
dentro das instituições. O processo de mobilização dos estudantes aconteceu
através das redes sociais e da divulgação dentro das universidades e cursinhos
pré-vestibulares. No momento do ato poucas pessoas apareceram, mas isso não
tirou a força dos que ali estavam. A causa era muito nobre e totalmente
independente de contingentes.
É necessário compreender a importância de um ato como este e, além disso,
participar, pois não será por decreto que iremos conseguir melhoras para a
nossa universidade, e sim através da ampliação de idéias como a que foi
abordada no ATO PELA EDUCAÇÃO. Assim, com os cidadãos convencidos dos seus
diretos cívicos, a realidade será outra!
Texto de Beatriz Santos
Equipe
Laís Cardoso
Lidia Saito
Revisão: Laís Cardoso
Edição: Juliana Theodoro
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