Ilustração Leonidas Dias |
Poucos
conhecem a produção de séries brasileiras,desde as mais antigas até as mais
recentes, uma produção cada vez maior e com mais qualidade, equiparando-se a
séries estrangeiras e, por vezes, superando-as.
É
claro que o Brasil sempre teve produções boas, mas dificilmente elas chegavam a
atingir um grande público. Agora, principalmente pela efetivação da lei que
determina cota de conteúdo nacional na programação da TV paga, os canais
mais conhecidos de séries (também da TV paga, como Warner Channel, Canal Sony,
HBO etc) passam a mostrar, mesmo que obrigados, o que fazemos aqui e não apenas
o que fazem lá fora.
Dentro
da TV paga, dois canais que estão em destaque na transmissão de séries
brasileiras são o Multishow e o HBO. O Multishow é nacional e, felizmente,
sempre transmitiu programas daqui, ou seja, não sofreu grandes efeitos da lei; o
HBO é estrangeiro e tomou a decisão de adotar as cotas não apenas transmitindo,
como produzindo. O canal já tinha feito séries nacionais anteriormente, como “Mandrake”
(a primeira brasileira do HBO), “Alice” e “Mulher de Fases”, e parece
intensificar essa produção no momento.
É
então que chegam ao mercado as novas séries brasileiras para um grande público
(embora ainda insuficiente). Elas vão da comédia romântica ao drama, do
adolescente ao adulto, de todos para todos. Dentre todas as muitas opções, eis
abaixo uma lista das 12 que você não pode deixar de assistir antes que o mundo
acabe.
1.
Capitu
Capitu faz parte do grupo de
minisséries que têm o fator qualidade, mas falta o fator visibilidade. É uma
série muito boa, porém, como todas as minisséries da TV aberta, seu horário de
transmissão é pouco favorecido, o que diminui o público alcançado.
Mesmo
assim, muitos devem conhecer, pois fez (e faz) bastante sucesso. É uma produção
da Rede Globo lançada em 2008, o mesmo ano em que se completou o centenário de
morte de Machado de Assis, um dos mais importantes nomes da Literatura
brasileira, cuja obra a série se baseia, Dom
Casmurro.
Capitu
é o nome da personagem feminina mais importante do livro, uma garota/mulher
cheia de mistérios e encantos que marcam a história, por isso nada mais justo
dar o seu nome à série. Foi escrita por Euclydes Marinhos com colaboração de
Daniel Piza, Luís Alberto de Abreu e Edna Palatnik, e direção geral e de núcleo
de Luiz Fernando Carvalho, a série tem a penas uma temporada.
2.
Vendemos cadeiras
Vendemos
cadeiras é uma
série exibida pelo Multishow que tem o humor jovem/geek que tem feito bastante
sucesso atualmente. A série se passa, principalmente, na loja de cadeiras
“Cadeiras Ferreira”, onde trabalham Fabio Jr. (Gregório Duvivier) e Eliézer (Wagner
Santisteban),
grandes amigos, quase irmãos, mas bem diferentes na personalidade. Fabio Jr
trabalha na loja “Cadeiras Ferreira” e é o filho menosprezado e traumatizado da
loja concorrente e Eliézer é um jovem cineasta entusiasmado.
O chefe
deles é Mauro (Augusto Madeira), um malandro que só pensa em mulher. Foi por
isso mesmo que ele resolveu adotar Diana (Clarice Falcão), uma garota bonita e
problemática– de um jeito engraçado-, para tentar conquistar uma mãe solteirona.
É
uma produção de 2010, com roteiro de Matheus Souza e Bruno Bloch, de uma
temporada.
3.
Adorável Psicose
Adorável Psicose já terminou sua terceira
temporada e é uma série de humor/comédia romântica exibida pelo Multishow.
A
série surgiu a partir de um blog homônino que contava as experiências vividas
por Natalia (a atriz/personagem principal).
A
proposta é parecida com “As confissões de Penélope”, estrelada por Eva Wilma em
1969. As histórias têmcomo cenário inicial o
consultório da inusitada Dra. Frida (Juliana Guimarães), no qual Natalia conta
sua vida e os muitos dilemas que enfrentanos mínimos detalhes.
Um grande ponto da trama são os
personagens secundários, como o amigo gay Diogo (Raoni Seixas), a sua melhor
amiga Carol (Carol Portes) e o Cara do bigode (Lucas
Oradovschi), seu versátil arquiinimigo com quem tem uma relação de amor e ódio.
Adorável
Psicose é uma produção da Goritzia Filmes, de
2010, com direção de Guga Chermont e narração de Carlos Seidl.
4.
Morando Sozinho
Sair
de casa e até mesmo de sua cidade éuma realidade para muitos jovens brasileiros
que vão estudar em capitais. Miguel (Leandro Soares) é um deles. Saiu de
Vitória-ES e foi morar sozinho em São Paulo-SP.
A
série começou em 2010 e já concluiu 3 temporadas. Mais uma vez, os
coadjuvantes têm papel fundamental que só cresce com o tempo. Tem o Dudu
(Bryan Ruffo), seu melhor amigo – no videogame e na vida real; Natasha
(Gabriela Cerqueira), a namorada do Dudu; Rafinha (Rafael Lozano), o amigo rico,
e Arlindo (Maurício de Barros), que assume inúmeras profissões ao longo da
série.
É
uma produção da Conspiração Filmes e também exibida pelo Multishow. A criação é
do próprio protagonizador, Leandro Soares, e tem roteiros de Gabriel Flaksman,
Leandro Assis, Molusco, Renato Fagundes e, mais uma vez, do Leandro Soares, que
assina a redação final. A direção, por sua vez, é de Pedro Freire (o mesmo do
premiadíssimo curta O teu sorriso).
5.
Preamar
Diferentemente
das séries anteriores, Preamar é uma
série de drama com toques humorísticos co-produzida pela HBO e Pindorama Filmes
e lançada neste ano.
Acompanha
a vida de João Ricardo Velasco, um rico e bem-sucedido empresário que acaba
indo à falência depois de fazer uma aposta errada no mercado financeiro. Ele
decide não contar nada para a família, dizendo, que vai tirar um ano
sabáticopara “relaxar”. É então que ele começa a passar mais tempo nas praias
de sua cidade (Rio de Janeiro) e descobre o potencial financeiro dos negócios que
rolam por lá.
A
direção é de Estevão Ciavatta, Anna Muylaert, Marcus Baldini, Mini Kerti, Márcia Faria e Lao de Andrade. É o primeiro projeto longo de ficção
da produtora Pindorama e é escrito por Patrícia Andrade e William Vorhees.
6.
(fdp)
Que
o Brasil é um país marcado pelo futebol todo mundo já sabe, todos conhecem os
rostos de jogadores e de técnicos. Mas e o juiz? O famoso fdp do campo, o
profissional mais xingado do esporte? É ele o protagonista desta série, com o
personagem Juarez Gomes da Silva (Eucir de Souza).
Ele
mostra que ser juiz não é fácil. Separado, com um filho que mal pode ver, sem
lugar para ficar depois da separação, sofrendo constantes apertos no trabalho,
sentindo a pressão das torcidas e tendo que dar dribles para conseguir ascender
na carreira, Juarez faz com que pensemos duas vezes antes de xingar um juiz de
novo.
Até
para aqueles que não são muito fãs de futebol, é uma ótima pedida. Com direção
de Kátia Lund, Caito Ortiz, Adriano Civita, Johnny Araújo; e participação
especial de várias personalidades do esporte, diante de 13 episódios.
7.
Sessão de Terapia
Sendo
versão brasileira da renomadasérie israelense BeTipul, criada e dirigida pelo artista
Selton Mello, Sessão de Terapia já
tinha tudo para dar certo. E deu!
Estreou
em 1º de outubro de 2012 no canal GNT e recentemente terminou sua primeira
temporada, com confirmação da segunda.
O
esquema da série é bem diferente do qual estamos acostumados: como se fosse
sessões reais de terapia, é transmitida nos 5 dias da semana, cada qual com um
paciente determinado. A semana começa com Júlia (Maria Fernanda Cândido), a
paciente que se apaixonou por Theo (Zécarlos Machado), o próprio terapeuta. Na
terça é a vez de Breno(Sérgio Guizé), atirador de elite da Polícia de São Paulo
que acidentalmente mata um garoto dafavela com uma bala perdida. Na quarta vem
a Nina (Bianca Muller), uma ginástica que quebra o braço num acidente de motoque
muito se parece com uma tentativa de suicídio. Quinta é dia do casal Ana
(Mariana Lima) e João (André Frateschi), que estão sempre brigando. Por fim, na
sexta é a vez do Theo. Com problemas no próprio casamento e carregado de
esforços profissionais, ele vai até Dora (Selma Egrei), sua terapeuta.
8.
Quero ser solteira
Mais
uma série que veio da internet. Quero ser
solteira é uma adaptação para a TV da websérie homônimaque estourou no
youtube e, então, foi ao multishow.
A
protagonista é Nina, uma jovem estudante de moda que, como Miguel (Morando
Sozinho), saiu do interior para a capital (desta vez para o Rio de Janeiro) cursar
a faculdade. Ela mora com seu melhor amigo gay, Leozinho, e, diferente da
maioria de suas amigas, só quer curtir. Não quer um namorado nem um marido,
pelo menos não agora, ela apenas quer ser solteira.
A
comédia romântica foi lançada neste semestre e é criada e estrelada por Cláudia
Sardinha.
9.
Do amor
Do amor parece ser a história de amor
dos sonhos: eles se amam e passam momentosmaravilhosos juntos, a vida de um é a
do outro. Mas, na verdade, é a história de amor da realidade. Acompanha os
altos e os baixos de toda a relação de Pio (Armando Babaioff) e Lulu (Maria Flor),
que se conheceram quase por acaso e logo mergulham numa relação profunda e
inebriante, que depois começa a se tornar complicada, como todo relacionamento.
Enquanto
isso acompanha também seus amigos, que caracterizam diversos tipos de pessoas e
de reações ao amor. A própria Maria Flor foi quem criou a série. Do amor estreou mês passado.
10.
Meu passado me condena
De
maneira geral, Todo relacionamento envolve duas pessoase cada pessoa leva consigo uma bagagem. E essa
bagagem pesa. É esse o tema básico de Meu
passado me condena, que trata dos “ex” de dois recém-casados de forma
humorística.
O
casal é Fábio Porchat e Miá Mello, que estão hospedados em lua-de-mel. Estão
super apaixonados, mas acabam sempre discutindo quando seus relacionamentos
passados vêm à tona. É aí que surgem as comparações e eles ainda têm que
escutar conselhos dos donos da pousada.
Tati
Bernardi surpreende no roteiro, Julia Rezende dirige e quem produz é Mariza
Leão. A série é transmitida no Multishow e começou há 2 meses.
11.
Elmiro Miranda Show
Não
tem como não rir desse programa. Elmiro
Miranda Show é uma comédia que satiriza os programas de auditório
sensacionalistas e amadores.
Rafael
Queiroga revela seu talento (pouco explorado anteriormente em seus trabalhos na
MTV) ao criar a série e incorporar o protagonista Elmiro Miranda, um
apresentador egocêntrico e pouco inteligente cujo programa que leva seu nome.
A
série acompanha o cotidianodo programa mais improvisado da tv e seus bastidores
com uma equipe infantil e pouco profissional. Conta com a presença de
comediantes conhecidos como Clarice Falcão, Anna Cotrim, Raoni Seixas e Rodrigo
Arruda.
É
uma produção original do TBS muitodivertido e estreou há 2 meses.
12.
Destino: São Paulo
Misturando
ficção e realidade, essa série que estreou mês passado na, HBO,é uma produção
da O2 Filmes que fala sobre a Imigração para o Brasil (inclusive tema do ENEM
deste ano).
Conta
as histórias dos imigrantes que formam São Paulo. Em cada episódio, foca em uma
nacionalidade diferente, a partir do cotidiano de personagens que se renovam a
cada história, como a de família de coreanos, na qual o avô de 80 anos tem como
último desejo de vida um prato típico de seu país, o boishintang (feito com
carne de cachorro), no entanto sua comercialização é proibida no Brasil. O seu
jovem neto terá de enfrentar esse dilema.
Na
verdade, é uma minissérie com apenas 6 episódios e a próxima temporada já está
confirmada. Desta vez, será Destino Rio
de Janeiro e estreará em 2013.
E agora?
Com
essa lei das cotas, a perspectiva é que o cenário só melhore, pois com o
aumento da demanda é provável que haja aumento na produção e com mais produção mais
aprendizado para o audiovisual brasileiro e assim, maior ganho de qualidade.
O
ano de 2013, por exemplo, chegará com novidades: o canal Sony passará a
transmitir duas séries brasileiras (“Tudo que É Sólido Pode Derreter”, da Ioiô
Filmes e “Descolados”, da Mixer) e a partir daí, o AXN e o Sony Spin devem
começar a transmitir também – já que são do mesmo grupo empresarial.
As
estreias esperadas são de séries da HBO Brasil que parecem ser bem
interessantes. Dentre elas, “Negócio” (co-produção com a Mixer), onde é contada
a história de três garotas de programa que resolvem aplicar técnicas de
marketing e administração de empresas no seu trabalho.
O
Brasil já conquistou grandes produções de qualidade no âmbito infantil – tanto
em séries como, os clássicos Rá-Tim-Bum, Castelo Rá-Tim-Bum e Iha Rá-Tim-Bum, O
mundo da lua, Sítio do Picapau Amarelo, dentre outros; quanto com desenhos como
Anabel e Meu Amigãozão. Agora está mais do que na hora de mostrar para nós
mesmos que podemos conquistar o público jovem e adulto, saindo do grande padrão estabelecido na TV aberta hoje, com o ritmo
rotineiro de novela-reallity show e
as minisséries em horários pouco convenientes, sem necessariamente excluir o
que há, mas trazer a evolução que ocorre na TV paga para a TV aberta.
Texto de Alice Martins Morais
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