Foto: Tarcízio Macêdo |
Aproximadamente 1.500 professores da
Universidade Federal do Pará (UFPA), cerca de 90% do corpo docente da
instituição, segundo a Associação dos Docentes da UFPA (Adufpa), paralisaram
nesta quarta-feira, 22, as atividades docentes pelo período de 24 horas. A
paralisação foi definida em reunião do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e mobiliza os docentes de todas as Instituições
Federais de Ensino Superior (Ifes).
O movimento ocorreu
a partir das 8h com um Café Político promovido pela Adufpa, em frente ao
segundo portão da UFPA. Ele faz parte da Jornada Nacional de Lutas, realizado
pelo Andes-SN nos dias 20 a 24 de maio, em todo o país, que tem por objetivo pressionar
o governo, a fim de que a agenda de negociações com a categoria seja retomada.
O governo encaminhará para o Congresso Nacional a Lei Orçamentária Anual (LOA)
até final de julho. Nos próximos dias a classe promete intensificar a
mobilização e a pressão para que possam alcançar algum resultado concreto na
Lei Orçamentária do ano que vem.
"A finalidade dessa paralisação,
que é uma paralisação em âmbito nacional dos professores das universidades
federais, é para pressionar o governo federal para reabrir de fato as
negociações com a nossa pauta de reivindicações da greve do ano passado. Nós
apenas suspendemos a greve, e agora nós estamos retomando a mobilização para
avisar o governo que, caso ele de fato não atenda as nossas reivindicações, nós
vamos voltar a convocar a greve", explicou Vera Jacob, diretora-geral da Adufpa.
As
mobilizações começam um pouco tarde, em relação ao ano passado. Porém, segundo
a diretoria geral, a luta continua sendo a mesma da greve do ano passado:
reestruturação da carreira; a precarização e a sobrecarga do trabalho docente;
contratação imediata de professores substitutivos, recentemente proibida na
UFPA e novos concursos públicos para o aumento do quadro docente, que foram
suspensos. A paralisação, conforme a entidade, também é um protesto contra os
obstáculos para liberação dos professores para pós-graduação, impostos pela
reitoria.
Ivan Neves, professor efetivo da Escola de Aplicação da UFPA, disse que 100% da categoria aderiu ao movimento de ontem em sua unidade, por reconhecer a justiça das reivindicações. "As condições de trabalho estão cada vez mais difíceis, em termos de instalações, de infraestrutura, de laboratórios. A gente tem dificuldade de desenvolver o nosso trabalho. Então, por isso, a categoria está manifestando um grande apoio a esse nosso movimento", afirmou.
A
categoria contesta no conjunto os dispositivos da Lei 12.772/2012, resultado do
acordo entre o governo e a Federação de Sindicatos de Professores de
Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), assinado no final da greve
de 2012, não atende às demandas dos docentes. Com a lei, o aumento salarial dos
professores foi parcelado em três anos, até 2015. Para os representantes da
categoria, a lei cria distorções salariais, desestrutura a carreira e não
garante a isonomia salarial entre os professores. Além de não abranger as
oscilações inflacionárias do período. "É
perceptível o crescimento da inflação nesse país. Alguma resposta nós temos que
dar frente à corrosão salarial que está ocorrendo", comentou Ivan Neves.
O
próximo ato dos professores será uma reunião com o Andes, em Brasília, nesta sexta
(24) e sábado (25), para avaliar como foram as paralisações em âmbito nacional.
No domingo (26), está marcada uma assembleia com todos os servidores públicos
federais para debate da pauta sobre o Projeto de Lei da Câmara 79/2011 que abre
espaço para a privatização dos Hospitais Universitários (HU) e também da
criação de fundos de saúde e questões salariais.
Também serão definidos os próximos
encaminhamentos e a possibilidade do retorno à greve. "O termômetro vai
depender dessas mobilizações; nós vamos estar discutindo no domingo a
possibilidade da gente retomar a greve, não apenas dos professores, mas de
todos os servidores públicos federais", afirmou Vera Jacob.
Em
nota, a UFPA informou que não impede a livre manifestação dos seus funcionários
e que a instituição não possui autonomia para se manifestar em relação às
reivindicações dos professores, cabendo ao MEC se pronunciar.
Texto de Tarcízio Macêdo e Sérgio Ferreira
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