Não
é preciso andar muito pelas ruas de Belém para encontrar pontos de entulhos. Geralmente,
restos de materiais de construção, madeira, pneus e móveis caracterizam esses
amontoados de lixo que ficam jogados ao ar livre. Pela dificuldade de se desfazer desses
entulhos, muitos moradores optam por jogá-los em vias públicas, mas quem acaba
sofrendo as consequências desse feito é a própria população. Os pontos de
entulhos atraem vetores de doenças infecto-contagiosas como moscas, ratos e
baratas, além de entupirem bueiros e canais, causando grandes alagamentos
durante o período de chuva.
Dona
Léia, moradora do Bairro da Marambaia, confessa que prefere jogar os entulhos no
canal, já que, segundo ela, o caminhão de coleta que deveria passar
regularmente, fica semanas sem dar as caras pelo bairro. ‘’Eles passam uma vez
na vida outra na morte. Não dá pra gente esperar a boa vontade deles’’, disse.
Dona Léia afirmou também que contrata os carroceiros quando quer descartar algo.
A
ONG ‘’Noolhar’’ trabalha hoje em Belém com projetos de conscientização socioambiental
e educação sobre o despejo de entulhos. Patrícia Gonçalves, coordenadora do
projeto, afirma que a prefeitura não tem obrigação de tirar o entulho das vias
públicas. ‘’A responsabilidade do pós-consumo é nossa. A prefeitura não tem
obrigação de tirar o sofá de dentro da minha casa ou do meio da minha rua’’,
explica. Nesses casos, a coordenadora disse que o certo a se fazer é dividir
esse material em partes menores e colocar para coleta comum.
Existem
cooperativas que fazem reaproveitamento de materiais despejados em entulhos,
como: sofás, colchões, estantes, etc. O que para alguns é lixo, para outros é
matéria-prima. Um exemplo disso é a oficina do seu Ailson Junior: ele trabalha
há anos com reaproveitamento de móveis, e vê nesses materiais despejados a
oportunidade de ganhar dinheiro. Usando sua criatividade, seu Ailson faz da
sustentabilidade o seu ganha pão. Ele reutiliza materiais ‘’sem utilidade’’ e
cria novos móveis colocando-os para venda. ‘’Tudo pra mim é dinheiro. Se eu
vejo que ainda dá para usar, eu pego e recrio esse material’’, afirmou.
Patrícia Gonçalves acredita que o que falta para a população
belenense é educação. ‘’Não há um projeto de conscientização, de educação e,
principalmente, de punição.Porque jogar entulho na beira do canal ou nas ruas é
crime ambiental. Então, a gente precisa de um projeto de médio a longo prazo de
educação ambiental urgente no município de Belém’’, concluiu.
Texto e foto de Felipe Matheus
Revisão: Erica Marques
Edição: Juliana Theodoro
Revisão: Erica Marques
Edição: Juliana Theodoro
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